António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Para ti…

Abril 7th, 2009

Nem raios ou trovões
Nem violentas tempestades
Nem cadeias ou prisões
Contra todas as vontades

Nem vales ou abismos
Nem rochas ou montanhas
Nem vulcões ou sismos
Rasgarei minhas entranhas

Mesmo nu
Cansado
Derrotado
Quebrado

Serei sempre o teu abrigo
A tua cama
O teu lençol
O teu amparo
A tua gruta
O teu calor
O teu refresco
Os teus passos e a tua força

Pintarei o teu céu com estrelas

Serei tudo que queres e precisas
Serei tudo para que o Sol não deixe de brilhar e a chuva não te toque
Serei o Mundo e o Universo

Amor nas Catacumbas

Abril 6th, 2009

Iluminaste com o teu sol
Aquele recanto escuro
Em que nem a luz da lua penetrava
Nem uma única estrela brilhava

Era apenas o toque da tua boca
Das minhas mãos
Da tua pele
De dois corpos
Flutuantes na escuridão

Rendi-me ao teu ser
Como sempre me rendi
E rendido me entreguei
À força das tuas mãos
Que como garras me prenderam
E sugaram-me o ar
O sangue
O sémen

O meu corpo abandonei ao teu
E aquele amor que me dizias
Era finalmente tão real
Tão forte e tão profundo
Tão sentido e vivido

Era loucura
Era desejo
Era saliva e suor
Perdidos num beijo
Repetido e repetido

Senti-me explodir
Senti-me morrer
Desfalecer
Desaparecer

Caí por terra
Ainda preso pelas tuas garras
Gritei
Ri e chorei

Éramos agora gestos indecisos
E aquele intenso ardor na pele

Caídos por terra ficamos
Amados
Suados

FCP 3 – Morgado 0

Abril 4th, 2009

Legalmente, Pinto da Costa é um homem inocente. Terá sido uma decisão justa? Para mim foi, mas quem sou eu para questionar uma decisão do tribunal? Vivemos num Estado de Direito em que existem 3 Órgãos de Soberania, independentes uns dos outros, cada um com as suas funções: o Presidente da República, a Assembleia da República e os Tribunais. Até agora, todas os processos contra o FCP e PC que foram parar aos Tribunais, um órgão de soberania, “bateram no poste”.

O engraçado nisto é a postura dos nossos adversários:

– “têm-se safado até agora, mas quando isto for a tribunal o PC não escapa”

– “os tribunais em Portugal não valem nada… quando isto for parar à UEFA é que vai ser!”

– “até na UEFA o PC tem influência! quando isto chegar ao tribunal arbitral do desporto… eles vão ver!”

Ou seja, de organismo em organismo, de decisão em decisão, em Portugal e no Estrangeiro, não houve uma única condenação… Minto, há a condenação do Sr. Ricardo Costa, que faz lembrar aquela mãe que ao ver o filho a marchar na tropa exclama: “1500 soldados e só o meu filho é que vai bem!”

É ridícula… mas tem sido esta a postura das instâncias desportivas portuguesas, que descredibilizam decisões de Órgãos de Soberania e continuam orgulhosamente sós numa campanha contra o FCP.

Depois, eles argumentam com a legalidade da prova mas isso só confirma a pouca força da acusação. Ou seja, se as acusações contra o FCP tivessem verdadeiro e sólido fundamento, existiriam mais provas para além das escutas. Desconhecendo eu o processo, as únicas provas apresentadas em público foram as ditas escutas que, por si só, pouco ou nada provam e o livro da Carolina Salgado. Haveria mais provas? Se sim, seriam também fracas. Se não, confirma-se que a acusação tinha pouca força.

Tudo isto, confirma que, todos estes processos movidos contra o FCP são uma obstinação de alguém porque, ninguém em seu perfeito juízo, move processos sem uma base de argumentação sólida.

Para além de tudo, no processo que hoje terminou, nem sequer foram apresentadas a prova as ditas escutas. A única “prova” era um depoimento contraditório, de uma testemunha pouco ou nada credível, sendo que, o dito processo foi reaberto na sequência da edição de um livro. Ora, nesse livro, a autora confessa um crime: “fui eu quem mandou espancar o vereador da Câmara de Gondomar”. Pergunto eu, como é que o Ministério Público, com base no livro, abre processos contra o PC e não abre contra a Carolina Salgado, autora confessa de um crime de atentado à integridade física?

Haveria algum acordo secreto entre Carolina Salgado e o Ministério Público? Tipo “dizes tudo o que sabes e a gente não te acusa?” Mesmo “à filme americano”.

Não sei.

O que os portistas questionam é a dualidade de critérios existente neste país e isso é um facto: nas capas de jornais, nas televisões, até mesmo no facto de terem nomeado uma Procuradora especial para perseguir o FCP. O mais caricato neste facto é que a dita procuradora está casada com um reputado fiscalista envolvido num processo de corrupção. No mínimo.. irónico.

Portanto, neste momento, tudo o que existe sobre o FCP é aquilo que sempre existiu, a partir do momento em que um “pequeno clube da província” afrontou o confortável “status quo” do futebol português. Um pequeno clube que afrontou a alternância saudável entre os clubes da capital.

Um pequeno clube que, ao fim de quase 40 anos acabou por provar ser muito mais do que isso. Tornou-se (apesar de muitos o quererem negar) um símbolo de uma região e de um povo, historicamente habituados ao sofrimento e à discriminação face aos centros do poder. O FCP é, neste momento, uma das marcas portuguesas com mais sucesso. Pode não ter tanta notoriedade como o SLB mas, “empresarialmente” falando, é muito superior. E isto irrita as elites de Lisboa.

Mas isto são outras histórias.

Tudo o que existe é o que existia antes. Antes mesmo de PC aparecer no mundo do futebol. E tudo o que continuará a existir quando ele se for embora.

O essencial é que as várias tentativas de meterem Pinto da Costa na cadeia e descredibilizarem os êxitos desportivos do FCP têm caído por terra.

Mas está visto que os nossos adversários não se rendem. Vão continuar… e nós também!

No dia em que conseguirem provar tudo o que se diz, sou o primeiro a dar a mão à palmatória e a ter vergonha por ter um presidente corrupto no meu clube.

Mas, enquanto esse dia não chegar e, espero eu, que nunca chegue, continuarei a ter o mesmo orgulho em ser do FCP!

Viva o FCP!
Viva Pinto da Costa!

Os Anjos

Abril 1st, 2009

Foi atacado, agredido, enxovalhado. Regressava a casa arrastando o corpo e a alma.
Tudo lhe doía. Sentia dores em partes do corpo que nem sabiam que existiam.
Abriu a porta de casa e deixou-se cair, a escuridão tomou conta dele.
Sentiu um beijo doce, muito doce, na testa. Tentava abrir os olhos, mas estes ainda estavam pesados. A luz penetrou-lhe, finalmente, no olhar e, por momentos, pensou que tinha morrido.
Era um anjo. Só podia ser um anjo… não existiam mulheres assim, principalmente depois do dia infernal que tinha vivido. Aquele rosto celestial inclinou-se para ele de novo e beijou-o, desta vez na face. Ao sentir o toque dos lábios, foi como se o sangue que sentia congelado nas veias voltasse de novo a correr. Estremeceu ao sentir que o seu coração pulsava de novo e sorriu.
O anjo continuava a fitá-lo como se quisesse dizer-lhe algo de muito importante. E disse, quando se inclinou novamente e beijou-o, com a mesma suavidade dos beijos anteriores, mas na boca. E aquele beijo soube-lhe a água fresca, colhida directamente de uma fonte de montanha.
As feridas sararam e o seu corpo ganhou nova vida. Ergueu-se no leito e olhou o seu anjo olhos nos olhos. Finalmente o anjo falou:
– Não fui eu quem te salvou… foste tu, com a tua força, com a tua vontade de viver, com a tua alegria!
– Mas eu estava morto, fui ao fundo… e tu foste-me lá buscar!
– Fui, mas porque sei que não querias lá ficar. Estou sempre contigo e sei que mereces ser feliz.
Então, ele chorou. Não se sentia digno de tanto amor. Afinal, quando se sentia só, não estava só. Havia sempre aquele anjo…
O anjo beijou-lhe as lágrimas e disse:
– Por favor, não… O teu rosto não foi feito para lágrimas, mas para sorrisos. Do mesmo modo, o teu coração foi feito para amar e não para odiar.
– Mas eu não mereço…
– Porquê?
– Não sou digno do teu amor…
– Já te esqueceste de tudo o que fizeste por mim? De todas aquelas vezes em que todos me abandonaram e só tu, apenas tu, me deste tudo? Quando quis desistir, quando me senti sem forças e tu pegaste em mim ao colo?
– Eu fiz isso tudo por ti?
– Sim. És a minha certeza. Sei que estás sempre, sempre comigo… Sei que és o único que não me abandonará, nunca! Por isso, quero ser tudo isso para ti.
– És o meu anjo!
– Não… tu és o meu anjo!
Ele riu. Começava a fase da inocência, em que competiam para ver quem proferia o melhor elogio de amor.
– Seremos o anjo um do outro?
– Seremos a vida um do outro.
– Isso quer dizer que não existimos um sem o outro.
– Tu és sinónimo de existir. Todos estes anos que vivi sem ti, eu não existia.
– Nunca viveste sem mim. Quando sonhavas com amor, quando desejavas alguém que te amasse, quando querias ser feliz ao lado de outra pessoa, era em mim que pensavas, mas eu não tinha rosto. Então eu apareci e ganhei um rosto, o teu amor ganhou um nome e nunca mais precisaste de sonhar.
– Como é possível?
– O quê?
– Tudo. Será que amar não tem limites?
– Os limites somos nós e eu hoje sinto-me infinita.
– Infinitamente bela…
– Infinitamente amada
– Infinitamente minha
– Infinitamente tua…
Então, ele beijou-a. Sem largar o seu olhar por um segundo, levou-a a uma viagem inesquecível da qual só voltaram pela imposição natural do cansaço dos seus corpos.
– E pronto… já não somos anjos!
– Porquê?
– Os anjos não têm sexo!
– Tão bom como este não têm, de certeza.
Riram, brincaram, conversaram, adormeceram.
No dia seguinte voltaria, o sofrimento, a dor… Ele entraria novamente em casa, desfalecido. Mas, a única coisa que importava é que nada, mas mesmo nada, apagaria aquele momento.

Sporting, Benfica.. peixeirada!

Março 25th, 2009

No sábado passado, os dois clubes do regime lá foram dar um passeio até ao Algarve para disputarem a final da Taça da Liga. O jogo prometia, um derby, um clássico, um jogo histórico, para muitos, o jogo do ano! Um jogo que foi mais publicitado que a final do campeonato do Mundo, com directos, especiais, todo um circo montado à volta daquela final. É bom que assim aconteça, não vá a Carlsberg retirar o patrocínio e depois não há Taça da Liga para ninguém. Era, de facto, necessário justificar todo o investimento feito na competição… e a SIC lá se esforçou, voltando aos velhos tempos em que se assumia como canal oficial dos clubes de Lisboa.
No entanto, é sabido que os vizinhos da segunda circular unem-se no ataque ao Norte mas, quando se defrontam, velhos ódios e rivalidades vêm ao de cima e, normalmente, as coisas nunca acabam bem. E já se previa que isso iria acontecer, apesar do golpe de cosmética que a SIC deu ao evento.
Há vários anos que o FCP e os seus responsáveis andam a avisar o pessoal de que Lucílio Baptista é um árbitro extremamente incompetente. Principalmente em jogos que envolviam o Porto e o Sporting (ou Zbording como diz o Paulo Bento), a vista do Sr. Lucílio assumia um tom verdadeiramente esverdeado, tornando-se protagonista de eventos tão, ou mais, caricatos que o de Sábado passado, mas isso nunca aborreceu ninguém, a não ser o pessoal do FCP. Contudo, Pinto da Costa é boa pessoa e avisava: “Lucílio Baptista é incompetente, Lucílio Baptista é gatuno!” e o pessoal de Lisboa assobiava para o ar.
Era a eterna mania dos portistas perseguirem a arbitragem.
Contudo, no Sábado passado, LB calhou na rifa de Lagartos e Lampiões e o caldo entornou. Analisando as coisas friamente, LB é tão incompetente que roubou para os dois lados: houve ali uns amarelos e vermelhos por mostrar. No entanto, um dos erros a favor do SLB acabou por ter influência directa no resultado. Ironia do destino, principalmente, se nos lembrarmos da peixeirada que os responsáveis benfiquistas fizeram depois do FCP vs. SLB. Como eu previ na altura, os Lampiões acabaram por provar do próprio veneno.
Depois da peixeirada de Paulo Bento e afins (peixeirada que eu até compreendo), vem o Benfica meter-se ao barulho, dizendo que o Zbording não tem fair-play. Os Lampiões têm memória curta, pois esqueceram-se da peixeirada acima mencionada e de outras peixeiradas típicas lá para os lados da Luz. Aliás, se há malta especialista em peixeiradas é o séquito de Luis Filipe Vieira, Rui Costa, Nuno Gomes e de mais pagens da cultura encarnada. Mas, numa coisa eles têm razão: o Zbording está a colocar muita pressão em cima dos árbitros que vão aparecer nos próximos jogos.
O senhor que vai arbitrar o próximo desafio da lagartagem já deve estar borradinho de medo! Aposto que, mesmo que um jogador leonino agarre a bola com as duas mãos dentro da área, o homenzinho não vai marcar penalty… ou então marca penalty… a favor do Zbording! Esta é a técnica favorita do pessoal de Alvalade. Fase 1: vitimização; Fase 2: “ai do próximo filho da p*** que se meter no nosso caminho!”. E pronto, lá vão eles passando pelo meio das gotas de chuva com a elegância típica do burguês lisboeta, adepto sportinguista. Sim, porque não nos podemos esquecer que o Zbording é o clube da burguesia, por oposição ao SLB, o clube do povo.
Confesso, que ver esta guerra entre os clubes da capital me dá um certo prazer. Como diria Roger Waters “amused to death”.

P.S. – Anda uma procuradora em tribunal a tentar culpar o FCP por causa de um jogo em que empatamos 0-0 e outro em que ganhamos 2-0, baseada no depoimento de uma prostituta, quando já vários especialistas viram as imagens dos dois jogos e concluíram que o FCP não foi beneficiado.
Não seria coerente a sra. procuradora investigar o jogo do passado Sábado? Não sei… digo eu… Fica a questão no ar!

Quatro estações

Março 24th, 2009

Foi numa tarde de Outono que ela entrou na vida dele. Levava nos olhos aquele sorriso que escondia uma timidez natural, sincera. Mostrou-se humilde, simples e com uma enorme vontade de aprender.
Ele tinha muitas histórias para contar, memórias de uma vida que mais ninguém queria ouvir, a não ser ela. Então, ele sentou-a no colo e contou-lhe tudo o que há anos tinha guardado no coração. Ela continuava a sorrir e lentamente aproximou-se do seu rosto. Um fio eléctrico percorreu todo o corpo daquele homem seguro, confiante, experiente. Não percebia o que lhe estava a acontecer.
Foram-se passando os dias, as semanas, os meses… Havia sempre mais uma história, mais um sonho para partilhar. Agora, também ela contava as suas histórias e gostavam um do outro.
O Inverno aconchegou-os ao calor de uma lareira. As histórias ganhavam vida, cor, ternura. Partilhavam segredos, confissões, desabafos. Aqueciam-se em noites frias, longas, trocando o sono pelo prazer da companhia. Liam livros, cantavam canções e recitavam poemas um ao outro.
Chegou a Primavera e descobriram que, para além das histórias, algo mais forte os unia. Agora, diziam-se irmãos. Brincavam de mãos de dadas e trocavam os mais insignificantes presentes, como se de tesouros se tratassem.
Sentiam a falta um do outro e faziam de tudo para estarem juntos. Saboreavam cada segundo, como quem saboreia o prato favorito ou aquele bolo especial.
Então veio o Verão e, numa noite quente, apenas com as estrelas como tecto as suas bocas uniram-se. E aquele instante criou uma nova história.
Amavam-se.
E começou uma nova descoberta. Com a caneta do amor, os seus corpos escreveram um livro único e irrepetível. Uma obra-prima de sensações e momentos de felicidade suprema.
Veio um novo Outono e viajaram ainda mais longe. Descobriram que podiam amar-se sem limites, que podiam fundir os seus corpos num único, descobriram que a noite não tem fim.
Hoje, mesmo depois de entregues ao prazer, mesmo rendidos à loucura dos sentidos, continuam a partilhar flores no jardim, a trocar mimos e a sorrirem inocentemente como naquela primeira tarde de Outono.

Sonata

Março 22nd, 2009

Quando te vi, tremi de alto a baixo. O meu coração saltou por te ter tão perto. A emoção da concretização de um sonho tomou conta de mim. Senti os olhos encherem-se de lágrimas, fruto de uma alegria que tive que conter. Esperamos tanto aquele momento. Desejamos tanto aquele momento.
Então fiquei ali a ver-te. Estavas mais linda que nunca. Os teus olhos, o teu cabelo, todo o teu corpo era música e deixaste-me hipnotizado. Não conseguia desviar o olhar, nem por um segundo.
Depois voltaste para mim e ali ficamos sem saber o que dizer, trocando sorrisos e palavras tontas que diziam muito mais do que aquilo que diziam.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.