Sentem-se no direito de dizer, fazer, escrever o que lhes apetece e depois dizem: “estou apenas a dar a minha opinião”.
Mas, quando alguém lhes dá uma opinião diferente da deles ficam todos “embufados” .
Gostava de perceber estes gajos… a sério!
Depois há o chamado efeito reflexo, ou projecção. Consiste em acusar os outros de comportamentos que eles próprios têm.
Fico agastado… mas talvez seja eu que esteja a ver o mundo ao contrário.
Começa agora um fim de semana duro. Dois dias a tocar, a correr de um lado para o outro… Preciso concentrar-me e esquecer isto tudo. Na minha vida, tenho outro tipo de preocupações, mais pertinentes. Há coisas para resolver rapidamente e vem alguém com uma arrogância desmedida, chamar-me a mim arrogante.
Vocês, meus amigos, que me conhecem bem, acham que eu sou arrogante?
Descobri que tudo o que as minhas “stôras” de português me ensinaram sobre as regras de pontuação, ao longo dos meus tempos de escola, está errado. Ou, pelo menos, não se aplica a escritores de topo. Esses podem fazer o que lhes apetece, sem correrem o risco de levar uma negativa na pauta. Se eu escrever mal… é um erro; se o Saramago escrever mal… é arte!
José Saramago não usa pontos de interrogação nem de exclamação, os diálogos são introduzidos e separados por vírgulas… Do alto da sua intelectualidade, Saramago acha-se no direito de violar uma série de regras de escrita de português. Nada contra. Cada um escreve como quer. Aliás, a escrita de Saramago acaba por ser cativante e engraçada, mas o senhor Prémio Nobel podia facilitar a leitura. Para percebermos a narrativa temos que estar atentos… muito atentos e às vezes ler aquilo duas ou três vezes.
Que saudades eu tenho de Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Cesário Verde, Camilo Castelo Branco, Luis de Camões. Estes, são grandes nomes da nossa literatura, deixaram um legado magnífico, mas não precisaram de nos dar cabo da cabeça para perceber o que escreveram!
Mas, ao ler o livro, eu pergunto-me se a malta do 12º ano que, na sua maioria, também usa uma forma de escrita muito peculiar (ver a história do Capuchinho Vermelho, uns posts atrás) irá perceber aquilo…
Estamos perante um desafio Saramago vs. Teenagers; uma luta entre dois idiomas: Português Alternativo vs. Linguagem SMS
Talvez fosse interessante, num dos próximos livros, Saramago usar K em vez de C e X em vez de S. W em vez de L, colocar H no fim das palavras e por aí fora… Eu ia continuar sem perceber, mas assim os “teenagers” já percebiam! Boa ideia, não?
Aí, sim! A malta ia curtir ler Saramago…
P.S. – outro dia vi o Saramago na T.V. a dizer que se escreve muito mal o Português. Ele lá sabe do que fala.
Primeiro uma
Depois outra
Num corropio chilreado, fram chegando…
Chegando para partir
Para levar consigo a frescura da Primavera
A alegria do Verão
Vieram à minha porta
Fazendo de conta que não chovia
Dizer adeus
Como notas saltitando na pauta
Saltitavam de fio em fim
Levantavam e pousavam
Rodopiavam no ar
Como dança apoteótica
De um cabaret luminoso
A luz, essa
Apenas nos faróis dos carros
Que violavam as entranhas da chuva
A chuva não parava
Nem parou
Para também lhes dizer adeus
Primeiro uma
Depois outra
Voaram
Voaram e no seu ninho ficou a saudade
A saudade de te ver sorrir no meu jardim
A saudade dos teus dias longos em que acordavas para me beijar
A saudade das noites perdidas em palavras de amor
A saudade da loucura que é penetrar nos teus olhos e dizer: “amo-te!”
Elas voaram mas tu ficas
E a cada dia que passa ficas mais dentro de mim
Presa, amarrada, cativa…
Elas voam no céu
Tu voas no meu coração
Na minha mente, no meu ser
Voas, porque és bela de mais para estar presa ao chão
És a mais graciosa e delicada ave que a Natureza criou
Porque não partes…
Acolhes-te no meu peito…
E quanto mais perto estás
Maior é a saudade que sinto
Sem saber como, entrou no mundo dela. Era um mundo azul, como os seus olhos, como a pureza do seu amor.
As horas desfiavam palavras. As palavras eram ternura. A ternura tornou-se amor e o amor, vivido num terno beijo numa noite de verão, tornou-se em algo maior que nem eles sabiam aquilo que sentiam.
Aquele beijo foi mágico. Era o primeiro beijo deles, mas foi repetido até à eternidade. Ainda hoje, o sabor daquele beijo está preso aos seus lábios.
Um dia, deram as mãos e viajaram mais longe… cada vez mais longe! Mergulhados no toque dos seus corpos, na profundidade de olhares penetrantes, na loucura de beijos intermináveis, chegaram àquele ponto único, irrepetível, em que são apenas um só. Ele deixou de ser ele. Ela deixou de ser ela. E passaram a ser a materialização daquele algo maior que sentiram na noite do primeiro beijo.
Mas afinal, quando alguém ama assim, todos os beijos são o primeiro. Todas as vezes são a primeira vez e, sempre que os seus olhares se cruzam, descobrem-se novamente.