António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Sonata

Março 22nd, 2009

Quando te vi, tremi de alto a baixo. O meu coração saltou por te ter tão perto. A emoção da concretização de um sonho tomou conta de mim. Senti os olhos encherem-se de lágrimas, fruto de uma alegria que tive que conter. Esperamos tanto aquele momento. Desejamos tanto aquele momento.
Então fiquei ali a ver-te. Estavas mais linda que nunca. Os teus olhos, o teu cabelo, todo o teu corpo era música e deixaste-me hipnotizado. Não conseguia desviar o olhar, nem por um segundo.
Depois voltaste para mim e ali ficamos sem saber o que dizer, trocando sorrisos e palavras tontas que diziam muito mais do que aquilo que diziam.

Noites sem ti

Março 21st, 2009

Então foste dormir e fiquei só. Naquela noite fria em que nem o fumo de um cigarro, ou o mais um copo de whisky me aqueciam.
Errei pela noite, como vagabundo perdido. Cambaleava na minha própria solidão, recordando como são doces os teus beijos, recordando como fazes o dia acontecer mesmo na noite mais tenebrosa.
Caminhava à tua procura, com a mágoa de saber que nunca te iria encontrar. Eras aquela estrela que brilhava, bem no alto do firmamento e que se afastava a cada passo.
Era impossível continuar em tão infrutífera demanda. Era hora de encontrar o caminho de casa.
E então senti de novo aquele calor acolhedor. Estático, permaneci imóvel em frente à televisão, mas em cada imagem era o teu rosto, em cada som a tua voz. Aquele hipnotizante aparelho nada mais me mostrava que as memórias dos nossos encontros, daquelas tardes de amor, de pele, de suor, de beijos e loucura. Via no ecrã os nossos passeios de mão dada, as brincadeiras de ternura, aquele pôr-do-sol infinito.
Adormeci contigo no pensamento e nunca mais quero acordar.

És tu.

Março 15th, 2009

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Sabes porque não durmo?
Sabes porque me rebolo incessantemente na cama, desperto por um único pensamento?
Porque te amo e o meu corpo não sossega enquanto não sente o teu nos braços.
Fecho os olhos e é o teu sorriso que vejo.
Desvio o meu caminho só para passar na tua janela.
Confundo raios de sol com os teus cabelos e pedras preciosas com os teus olhos.
Estremeço ao ouvir o teu nome e recuso-me a proferi-lo para não o profanar.
Vejo-te em cada rosto da multidão e sinto-te ao meu lado sempre que estou só.
A brisa que me toca no rosto é para mim um beijo teu.
O mar é o teu olhar e o calor da Primavera é o teu abraço.
Bebo mais um copo, fumo mais um cigarro, viro a página de um livro… mas és sempre tu.
És a minha música. És aquele filme inesquecível.
És o cobertor em noite fria de Inverno.
Proteges-me dos pesadelos e embalas-me suavemente.
É a tua respiração que me sustenta.
É no teu andar que me movo.
É com os teus braços que trabalho.
É com os teus lábios que sorrio.
É com o teu corpo que te amo.

Pensamento do dia

Março 11th, 2009

A minha mãe ensinou-me muitas coisas. E continua a ensinar. Mas, há frases, conselhos, que me ficaram na memória e que me vão guiando no dia-a-dia.
Quando era mais novo, ela dizia algumas vezes:

“Quando estiveres chateado, com alguma coisa ou com alguém, continua a sorrir e não deixes que os outros percebam, porque assim, quem quer ver-te infeliz, quem te quer prejudicar, não vai conseguir.
Faz sempre boa cara e derrotas qualquer adversário.”

E fica aqui o pensamento do dia.

História de um sonho real

Março 10th, 2009

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Madrugada. À distância trocavam palavras de amor, numa vã tentativa de matar a saudade e encurtar a distância.
Ela disse “deixas-me sem palavras”. Mas ele continuava a falar… Descrevia sentimentos, sensações, momentos, como se pintasse um quadro. E ela absorvia aquelas palavras, como se fossem beijos, abraços, carinhos…
Ela disse “gosto tanto da maneira como falas sobre nós…” e ele disse que dizia o que sentia, que tinha que dizer aquilo que sentia, pois um amor assim não podia ficar retido secretamente nos recantos de um coração.
Adormeceram. Nos braços um do outro, fecharam os olhos e viajaram juntos de mão dada, para aquela praia onde furtivamente se encontram.
E foi tudo tão real. O calor do sol primaveril, a leve frisa que fazia os cabelos dela dançar, o suave toque das mãos e o beijo… Tão terno como o primeiro, tão intenso como os outros, tão doce como todos.
Um abraço, um olhar no horizonte, uma promessa de amor eterno…
Ela disse “quero que me ames sempre assim…” e ele respondeu “não posso amar-te sempre assim, porque cada dia que passa amo-te mais, cada segundo que passa amo-te mais…”
Então o amor explodiu em lágrimas que regavam os seus sorrisos de ternura.
Um beijo. Desta vez, salgado pelas lágrimas, mas apaixonado como nunca.
Chegava o pôr-do-sol.  A praia cada vez mais deserta, cada vez mais secreta.
Com destroços de um velho barco acenderam uma fogueira na areia. Com o calor de uma paixão intensa acenderam outras fogueiras e, rapidamente, as suas roupas tornaram-se uma incómoda barreira àquilo que viveriam depois.
O mar e as estrelas foram testemunhas únicas daquele momento que durou o tempo de uma fogueira.
Então acordaram.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.