Nunca percebi a utilidade de fazer a cama. A sério… Porquê tanto trabalho de manhã, quando algumas horas depois, tudo será para desfazer?
Como, durante largos anos da minha vida, partilhei a cama com a minha avó, nunca precisei de me preocupar em fazê-la. Contudo, quando tive o meu próprio quarto, com a minha própria cama, começou a luta António vs. Lençóis.
Luta essa que venci facilmente. Bastava juntar as várias camadas de lençóis, cobertores, cobertas e afins aos pés da cama, segurar com força, esticar até à cabeceira, alisar e… pronto! Em trinta segundos fazia a minha caminha.
No entanto, todo este conceito iria mudar no dia em que me casei.
A minha mulher demonstrou-me que, fazer a cama, pode ser um processo bem complexo e, até mesmo, artístico.
Descobri que há um monte de pequenos gestos necessários para que uma cama “fique em condições”.
Lá me esforcei por aprender. Afinal, não queria defraudar a minha cara-metade num aspecto da vida doméstica que ela tanto valoriza.
Chegou, então, o dia em que tive que fazer a cama pela primeira vez, de acordo com as directrizes da minha amada esposa.
Foram quinze minutos de grande intensidade. Medi cada gesto com a precisão cirúrgica. Transpirei, olhei diversas vezes para cada camada de roupa para verificar se tudo estava preciso. Quando o trabalho terminou, estava cansado, ensopado em suor, mas orgulhoso do meu esforço. A cama parecia perfeita.
A Marisa chegou. Fui a correr: “Anda ver! Fiz a cama sozinho!”
A Marisa entra no quarto. O meu coração palpitava “será que ela vai gostar”. Não conseguia esconder o meu nervosismo…
Depois de analisar o leito, sentenciou: “A cama está toda torta!”, destruindo por completo a minha auto-estima.
Mas “está toda torta” como? Eu olhava para todo o lado e não conseguia ver o que estivesse torto. Seria a posição das almofadas decorativas? Seria a posição da coberta? Meu Deus!!! Estava cada vez mais desesperado! Onde é que eu teria errado, bolas!
Então, a Marisa caminha em direcção à cama. Agarra da coberta e move-a dois milímetros para o lado… Dois milímetros!
“Agora está bem, mas estava tudo torto!”
Dois milímetros, dois milímetros…
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.
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Ah?
“Ó senhor! Estas cadeiras aqui à frente tem «reservação»?”
Foi em vão
Foi em vão
Um deserto em fogo
Foi em vão
O gelo quente
Foi em vão
Correr para trás
Foi em vão
Matar para morrer
Foi em vão
Parar o anoitecer
Foi em vão
As quedas de água
Foi em vão
O canto do poeta
Foi em vão
Dormir sem fechar os olhos
Foi em vão
Acordar para sonhar
Vasco Balio & os Luvas de Amianto – After Show
Orquestra Ligeira “La Belle Époque”
A Orquestra “La Belle Époque” nasceu no início da década de 90 do século passado, no seio da Banda Marcial da Foz do Douro, sendo um caso pioneiro no mundo filarmónico, tendo como director artístico o conceituado maestro e compositor Afonso Alves.
Apresentou-se em locais tão distintos como hotéis, o Palácio da Bolsa (Porto), Museu do Carro Eléctrico (Porto), tendo actuado perante inúmeras personalidades nacionais e estrangeiras.
Depois de vários anos de intenso trabalho de projecção e divulgação da música ligeira, em finais da mesma década, a Orquestra é extinta.
Em Abril de 2009, um grupo de músicos da Banda Marcial da Foz, decide levar para a frente o projecto de criação uma Orquestra que se dedicasse exclusivamente à interpretação de música ligeira, tendo como permissa a participação dos alunos da Escola de Música da Instituição. Esse projecto foi apresentado à Direcção da Banda que acolheu prontamente a ideia, dando de imediato todo o apoio logístico necessário ao seu arranque.
Pela sua experiência enquanto músico e maestro de outros projectos ligados à música ligeira e à formação de jovens músicos, é convidado, para a Direcção Artística da Orquestra, António Pinheiro.
Para além de elementos da Banda Marcial da Foz, a “La Belle Époque” conta com a colaboração de músicos de outras proveniências, geográficas e musicais, que, por afinidade com outros elementos da orquestra e com os objectivos a que esta se propõe, abraçaram com todo o entusiasmo este projecto, conferindo um carácter de maior ecletismo a esta formação.
Na data do primeiro ensaio submeteram-se a votação vários nomes para a Orquestra, tendo sido escolhido, por larga maioria, manter a ligação ao passado, ficando decidido que o nome seria “La Belle Époque”.
Desde o inicio do mês de Maio do corrente ano que a Orquestra ensaia quinzenalmente nas instalações da Banda Marcial da Foz do Douro – Filarmónica do Porto.
A apresentação oficial da “La Belle Époque” será no próximo dia 3 de Julho, no Auditório da Escola Dramática e Musical de Milheirós – Maia.
Crónicas de Crestuma, o Centro do Mundo – VII
Por estes dias fala-se muito das “tradições de Crestuma”.
“Não deixem morrer as tradições!”, dizem eles…
Eu lembro-me de uma bonita tradição: o Leilão de Natal.
Todos os anos, as diversas zonas da terra organizavam vistosos cortejos, com muita côr, música, animação. A freguesia parava: metade a ver, metade a participar e sem ter que se infringir o Código Civil e o Código Penal!
Agora? Toda a gente quer ver, mas poucos querem participar…
Como eu passo muito tempo agarrado à net (fora todas as minhas outras actividades musicais e afins), tenho várias ideias para atrair os defensores acérrimos das nossas tradições a participarem nesta verdadeira e genuína tradição. Assim sendo, o Leilão de Natal:
– em vez de ser no dia 25 de Dezembro devia ser no dia 25 de Junho (mais coisa menos coisa)
– em vez de começar às 3h da tarde devia começar às 3 da manhã (mais coisa menos coisa)
Boa?
P.S. – Informa-se os interessados que o autor deste blog, por uma questão de princípio não aceita comentários anónimos… Esquisitisses. Já agora, para sexta-feira vou largar a Net para dar um concerto em Milheirós-Maia. Mais informações na secção “Próximas Actuações”
Consultório Jurídico
“Querido António,
Na noite de Sábado para Domingo a minha casa foi assaltada, tendo-me sido furtados alguns objectos de carácter decorativo. Tanto quanto fui informada, esses objectos foram depositados em local público para efeitos de exposição, ao abrigo de uma supostamente antiga tradição.
Contudo, quando cheguei ao local para reaver o que me pertencia, não encontrei os referidos objectos. A quem devo pedir responsabilidades (dado que eram objectos de elevado valor monetário e afectivo): aos larápios que me assaltaram durante a noite, ou àqueles que removeram os objectos do dito local público?
Assinado: J.”
Cara J.,
Não sendo eu entendido na matéria, apenas lhe posso dizer que a situação que nos relata configura dois crimes de furto e, eventualmente, um de invasão de propriedade privada.
Mais lhe informo que, no sistema judicial português, a tradição não tem valor jurídico. Desde modo, recomendo que apresente queixa junto das autoridades competentes, de modo a que seja aberta uma investigação.
P.S. – Da próxima vez que tiver questões jurídicas, recomendo que consulte um advogado. Eu sou só um tipo que escreve uns disparates na net.
Conversas parvas XII
– Então, Joana, que conselhos dás a todas as raparigas que nos estão a ver e a ouvir, para serem bonitas como tu?
– Comam pouco, bebam muita água e apanhem muito sol!