António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Tulipa

Março 28th, 2010

Podias ter vindo para tornar a minha vida mais simples, porque tu és tão simples. Apenas um olhar, um sorriso, apenas aquele brilho especial que irradia do teu rosto terno, era suficiente para aplanar as veredas do meu ser.

Mas não.

Trouxeste um amor tão grande e tão poderoso, que transcendia a candura com que me abraçavas.

Fizeste-me entrar em labirintos infinitos, viagens irracionais, de onde eu saía extasiado de felicidade.

Era o êxtase do corpo, da mente e do coração.

Teria sido tão fácil, se fosses apenas um corpo, uma mente ou um coração. Mas decidiste que ias ser completa e me ias amar, como se amasses o Mundo.

Então, um dia, partiste. E foi na dor da tua partida que encontrei a paz que tinha perdido nos labirintos do teu olhar.

Estranha contradição esta, em que para te encontrar preciso de te perder, em que para te sentir preciso de te ter longe.

E quando pensava que jamais seria possuído pela tua estranha inquietude, tu dançaste. Dançaste como se a tua vida dependesse de cada movimento dos teus membros.

Então voltei a cair no mesmo abismo de longínquas noites de Verão. Mas comigo caiu também um estranho sentimento.Invisível. Sem nome. Único. Nosso.

Acordei. Acordei sentindo que não te possuía, porque és uma imensidão que ninguém pode possuir.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.