António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Ensaio sobre a coragem

Julho 7th, 2010

Há uns dois anos atrás, alguém disse: “o Pinheiro é um fixe, mas falta-lhe ambição”. Humildemente, reflecti sobre a frase e revi todo o meu percurso de vida. Listei todos os objectivos, todas as metas, tudo o que atingi e tudo o que falhei. Concluí que a minha ambição até era um pouco acima da média.

Hoje, recebi um SMS que, pretendendo ser ofensivo para com a minha pessoa, mostrou-me que eu sou um gajo corajoso como o caraças.

Quando era puto, e menos puto, os outros putos metiam-se comigo, por ter medo de bolas chutadas com força, por ter medo de cães, por ter medo, basicamente, de tudo e mais alguma coisa.

Ok… eu era um medricas. Contudo, houve algo onde nunca me acobardei: a defesa dos meus valores e das minhas convicções, mesmo sabendo que essa fidelidade a um conjunto de princípios poderia trazer-me dissabores a curto-médio prazo, como o SMS que “gentilmente” me endereçaram esta tarde.

Voltamos à velha questão da falta de argumentação que conduz à mentira, à difamação, ao insulto e, até mesmo à ameaça física. (para os mais distraídos, alguns textos aqui publicados há uns meses atrás valeram-me umas ameaças do tipo “vamos partir-lhe a cara toda”).

Ainda recentemente, há pouco menos de um mês, por fidelidade a uma pessoa a quem muito devo, alguém que, em três anos e meio, mudou a minha vida e me ajudou a ser uma pessoa e um músico melhor, tomei uma decisão que considero “corajosa”. Sabia, perfeitamente, que dois minutos após essa decisão ser pública, começaria o chorrilho de mentiras acerca da minha pessoa e atentados ao meu carácter. O facto é que esses “atentados” são, eles próprios, reveladores do carácter dos seus autores, ou seja, ao tentarem atingirem-me, cometem um acto suicida e aniquilam-se a eles próprios, como aconteceu esta tarde ao infeliz autor do SMS.

A decisão atrás aludida, para além de ser tomada em nome de uma forte amizade (algo que muita gente desconhece o que seja), foi tomada porque, se não a fizesse, iria contradizer valores que defendo publicamente há vários anos; se eu não tomasse essa decisão, iria ser infiel a mim próprio; se eu não tomasse essa decisão iria ser um verdadeiro cobarde.

Iria fazer o que outros fizeram: pensar uma coisa, fazer outra; iria render-me ao status quo; iria ser mais um robôt nas mãos de outros; iria deixar-me comprar como outros fizeram.

Hoje, por muitos SMSs que enviem, por muitos telefonemas que façam para amigos meus a dizerem “o Pinheiro é isto, é aquilo”, eu estou de bem comigo e de bem com o Mundo.

No próprio dia em que a bendita decisão foi tomada, recebi emails, SMS, telefonemas a darem-me os parabéns e palavras de incentivo para o futuro. Mensagens que ainda hoje vou recebendo.

Fechou-se uma porta, mas abriram-se inúmeras janelas. Sou hoje um homem mais “leve” e mais feliz.

Um sentimento que me inundou em Novembro de 2006, quando tomei uma decisão semelhante. Quatro anos depois, o filme repetiu-se quase na íntegra.

Mas, agora, sorrio. Sacudo o pó dos ombros e sigo em frente, enquanto os “porcos” insistem em “chafurdar no lodo” que eles próprios criaram.

Problema deles, não meu.

Eu tive a coragem de ser eu; tive a coragem de pensar com a minha cabeça; tive a coragem de defender as minhas ideias.

Ok, estou a armar-me aos cágados, mas é o que preciso deste momento. Acreditar em mim, no meu trajecto de vida, em tudo aquilo que já construí e vou continuar a construir. Afastar-me, definitivamente, de seres mesquinhos, pequenos e insignificantes que vagueiam pelo Mundo, girando em torno deles próprios.

Nota: Este texto, poderia, perfeitamente, ser reescrito citando, em vez da dita SMS que recebi hoje, um texto publicado há uns dois meses atrás na Internet, também ele sobre mim. Contudo, o autor desse texto (fiel seguidor deste blog), não merece tanta consideração de minha parte.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.