António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Dia dos namorados

Fevereiro 14th, 2009

Segunda-feira passada, deambulava eu pelos lados de Arca D´Água, quando sou apanhado numa fila de trânsito, originada por um sinal vermelho. No carro à minha frente um simpático casal trocava uns beijitos, beijitos que se foram transformando em valentes linguados e, por pouco, pensei que a coisa ia evoluir ainda mais. Entretanto, o sinal ficou verde mas, os loucos apaixonados, não descolaram! Aguardei uns breves segundos, até que fui forçado a dar uma ligeira buzinadela.  Não o fiz com prazer, pois sou totalmente apologista de calorosas demonstrações de amor. Contudo, eu queria andar para a frente e o sinal estava verde.
Suponho que aquele casal irá aproveitar ao máximo o dia de hoje. Como é sábado, vão passear de mãos dadas, jantar fora, trocar prendinhas e, depois, acabar a noite num motel ou, como os tempos são de crise, com o carro parado num sítio bem tranquilo, frequentado por centenas de outros casais com as mesmas intenções eróticas… e alguns voyeurs pelo meio.
Para mim, o dia dos namorados é traumático. Na adolescência, enquanto meia escola vagueava pelos corredores com olhar perdido nas nuvens, eu limitava-me a ficar a um canto, meditando nos meus amores não correspondidos.
Depois, quando aos dezanove anos tive a minha primeira namorada (ok, podem começar a rir às gargalhadas… não tenham compaixão!), sentia-me feliz por finalmente poder festejar o dia catorze de Fevereiro, mas era algo que me sabia a plástico, como a comida de alguns restaurantes. Há aqueles restaurantes em que parece que estamos a comer a comidinha da nossa mãe, e outros em que parece que a refeição foi aquecida no micro-ondas. Pronto, o dia dos namorados sabia-me a micro-ondas. Ao passo que outras datas, ou acontecimentos, sabiam-me bem mais a comida caseirinha. Conclusão, quando a Ana partiu da minha vida (era esse o nome dela), resolvi que nunca mais na vida iria ao micro-ondas pegar no dia dos namorados.
Uns tempos mais tarde, quando comecei a namorar com a minha actual namorada e esposa, descobri que ela também não gostava do dia dos namorados, principalmente por ser uma “tradição” importada, como o dia das bruxas e outros.
Decidimos criar a nossa própria tradição que, basicamente, consiste em surpresas inusitadas um ao outro, em datas perfeitamente vulgares. E é algo de espectacular! Vivemos o dia dos namorados no dia 6 de Fevereiro, 23 de Março, 10 de Agosto… sei lá… quando nos apetece e não quando a máquina comercial diz: “é agora!”.
Por outro lado, aqueles coraçõezinhos, ursinhos, florzinhas e coisinhas todas, é um universo um bocado… pindérico, não acham?
Eu acho!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.