António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Consultório de Marketing (finalmente!)

Julho 25th, 2009

Finalmente recebi dois e-mails com dúvidas relacionadas com a minha formação académica. O Sr. S. de Beja e o Sr. T de Castelo Branco, enviaram-me dois e-mails muito semelhantes, com dúvidas relacionadas com Marketing Político.
Ora, apesar de não ter tido nenhuma cadeira de Marketing Político na faculdade e de exercer a minha actividade noutras áreas do Marketing, penso dispor de conhecimentos para ajudar estes dois senhores, ambos candidatos à presidência das suas Juntas de Freguesia.
Como a campanha eleitoral já começou, tenho aproveitado as minhas férias para dar uma volta pelo nosso país e analisar atentamente as várias peças de comunicação política que vão surgindo, um pouco por todo o lado.
Assim sendo, mais fácil do que dizer o que devem fazer, prefiro dizer-vos o que NÃO devem fazer:

1 – Não façam folhetos que mais parecem a Bíblia. Está provado que, quando o destinatário da mensagem se depara com verdadeiros testamentos, perde o interesse e desiste de imediato da leitura.

Usem frases curtas, separadas por tópicos, imagens e outros elementos que captem a atenção do vosso eleitor.

Lembrem-se disto: depois de o destinatário pegar no folheto, existe um intervalo de tempo que vai de 3 a 5 segundos para lhe captarmos a atenção.

Os bons designers gráficos conhecem estas regras. Eu conheço alguns bons designer gráficos e posso dar-vos o contacto.

2 – Esta regra aplica-se também a outdoors. Encher um outdoor de texto é, desculpem a franqueza, burrice!

Como é que alguém consegue ler um texto quando passa por ele dentro de um carro a uma velocidade considerável.

No outdoor metam apenas a vossa linda fotografia, o nome da vossa terra, o logótipo do partido (coligação, movimento, etc.), o vosso endereço web e o slogan. Não é preciso mais nada (porque ninguém vai ler mais nada).

3 – Sejam honestos e coerentes. Actualmente, o povo anda muito bem informado. Por isso, quando elaborarem o vosso programa eleitoral, tenham em atenção os seguintes aspectos:

3.1 – Não prometam fazer obras que já estão em curso
3.2 – Não prometam fazer obras que outros já fizeram
3.3 – Não prometam fazer obras que sabem que alguém as vai fazer por vós
3.4 – Não prometam coisas disparatadas e completamente desfasadas da realidade das vossas localidades
3.5. – Não prometam coisas bonitas… só porque são bonitas.

4 – Usem uma linguagem simples e o mais directa possível. Não é com palavras caras e termos técnicos que vão convencer o povo.

Os políticos cometem, muitas vezes, o erro de se associarem a uns “doutores” e “engenheiros” para lhes escreverem os discursos, os folhetos, etc.

Isto até se compreende quando alguns candidatos mal sabem falar, ler, ou escrever. Mas, mesmo nesses casos, a linguagem é muito importante.

Por exemplo, aqui há dias, tive acesso a uma espécie de programa eleitoral cuja interpretação requereu um glossário de termos técnicos associados ao ramo da construção (felizmente tenho alguns amigos Engenheiros Civis).

Amigos S. e T. se seguirem estas dicas, não vos garanto que ganhem as eleições mas as vossas probabilidades aumentam.

Desculpem ter-me esticado um bocadinho e violado a regra número 1…

Boa sorte para as vossas campanhas e não se esqueçam de escrever a contar como correu!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.