António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Regionalização: eu quero, mas será que o País quer?

Agosto 20th, 2008

Durante as minhas últimas férias, em Espanha, fiquei com uma dúvida. Será que em Portugal a Regionalização teria sucesso ou, ficaria tudo na mesma?

Tenho pensado muito nesta questão e ainda não encontrei a resposta.

Em Espanha, as populações são muito apegadas à região em que nasceram e em que vivem, algo que não acontece em Portugal. Aliás, em Portugal esse sentimento de carinho regionalista quase nem existe, muito por culpa de séculos em que se dizia “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”.

Infelizmente, ainda hoje, muita gente pensa assim. Mais grave ainda: muita gente fora de Lisboa pensa assim!!! Conheço pessoas que vivem no Norte mas que prestam uma autêntica vassalagem ao “Imperialismo” da Capital: “em Lisboa é que é bom, Lisboa é melhor, bla, bla, bla…”

Por essas e por outras é que ainda existe um fosso entre a Grande Lisboa e o Resto do País: os grandes investimentos são feitos em Lisboa, as sedes das empresas estabelecem-se em Lisboa, as melhores ofertas de emprego estão em Lisboa, os salários em Lisboa são mais altos. E isto torna-se grave quando as populações das regiões menos favorecidas aceitam esta situação sem se manifestarem.

Acredito que, se em vez de nos rendermos à hegemonia sulista que comanda este País, defendêssemos as nossas Regiões, a situação económico-social de Portugal seria muito melhor. E não só! A Arte, a Cultura, o Desporto, a Saúde, o Ensino, estariam muito mais desenvolvidos. E isto conseguia-se com um bom processo de Regionalização.

Mas, para a Regionalização ser bem sucedida, seria importante que as pessoas, de facto, amassem e defendessem as suas regiões.

Goste-se ou não do seu estilo irreverente, Alberto João Jardim é o exemplo de um político que luta pela sua terra e não se verga perante o Poder Central.

Outro exemplo da falta de espírito regional por parte dos portugueses encontra-se no Desporto.

Em Portugal, há benfiquistas, sportinguistas e portistas (?) de Norte a Sul do País. Em Espanha, isto é impensável. As pessoas apoiam o clube da sua região. Um exemplo muito claro disto é o mítico Barcelona: “Mais que um clube!” é o seu lema. O Barça tem sido, sobretudo, um símbolo da luta do nacionalismo Catalão contra o Governo Central de Madrid. Não conquistar a liga é uma coisa; ficar atrás do Real Madrid é um desastre total.

Eu pergunto: como pode uma determinada região evoluir se as suas gentes, em vez de contribuírem para as associações da terra, apoiam clubes sediados em Lisboa?

Olhem para os estádios de Aveiro, de Leiria, de Coimbra, do Algarve. Estão constantemente às moscas! Porquê? Porque o Beira-Mar, a União de Leiria, a Académica, têm meia-dúzia de adeptos. Já para não falar no caso do Farense que desapareceu das competições profissionais. São clubes que podiam dar muitas alegrias às regiões em que se inserem, mas não têm apoio, porque os seus conterrâneos são apoiantes do SLB, do SCP e do FCP.

Por tudo isto e muito mais, tenho muitas dúvidas sobre a viabilidade da Regionalização em Portugal, apesar de ser defensor da sua implementação.

Em busca da perfeição

Agosto 11th, 2008

Estão aí os Jogos Olímpicos e a habitual questão: “será que Portugal vai ganhar alguma medalha?”.

O meu pai diz que não. Segundo ele, anda toda a gente a fazer muita festa em torno de alguns atletas e, normalmente, as festas antecipadas não correm bem. Basta olharmos para o que aconteceu com a decepcionante prestação de Cristiano Ronaldo no Europeu 2008.

Em parte, eu concordo. Nunca se viu uma euforia tão grande em torno dos atletas olímpicos portugueses. Naide Gomes, Nelson Évora, Vanessa Fernandes, já estão medalhados e ainda não entraram em competição.

Recentemente, passou na televisão uma reportagem sobre os métodos de treino dos atletas chineses. São treinos intensivos, duros, que começam a partir dos 4 – 5 anos. Os comentários do jornalista e também do público em geral foram depreciativos.  Contudo, no desfile de abertura dos J.O., Portugal apresentou-se com 70 atletas. A China apresentou-se com mais de 600.

Neste momento, Portugal pergunta-se se vai ganhar alguma medalha.

A China prepara-se para ser o vencedor no ranking final.

A busca da perfeição tem um preço, mas nem todos estão dispostos a pagá-lo.

É típico e acontece nas mais diversas áreas.

Na música por exemplo:

– Gostava de tocar como aquele fulano. O que é que ele faz para tocar assim?

– Levanta-se cedo. Estuda 6 horas por dia. Toca muitas escalas, notas longas. Faz exercícios de flexibilidade…

– Hmmm… isso não é para mim… 

Eu não sabia onde era a P.I.D.E.

Agosto 7th, 2008

Ontem, o meu amigo Indy, ficou escandalizado por eu não saber onde era o antigo edifício da PIDE, no Porto, actualmente o Museu Militar. 

“Isso é porque tu fazes parte de um partido que não festeja o 25 de Abril!!!”, disse ele. 

Fui para casa a pensar nisto e reflecti, sobre mim mesmo e sobre a História recente de Portugal. 

De me interessa saber onde era a PIDE, se temos um Governo que suspende funcionários por contar anedotas sobre o Primeiro Ministro? 

De me interessa saber onde era a PIDE, se temos um Governo que envia a polícia às sedes dos sindicatos para controlar e reprimir as manifestações? 

De me interessa saber onde era a PIDE, num país em que o Estado dá o rendimento mínimo a pessoas com plasmas, Playstations e electrodomésticos de luxo em casa, e que depois andam aos tiros no meio da rua? 

De me interessa saber onde era a PIDE, num país que permite que pedófilos adoptem crianças, em que se procura prender os polícias e libertar os criminosos, em que os professores perderam a autoridade e são agredidos quase diariamente pelos alunos? 

Desde muito novo que participo nas comemorações do 25 de Abril, pela mão do meu partido. Desde muito novo que o meu partido me ensinou como é viver em liberdade, respeitando os outros, aceitando as suas opiniões e diferentes formas de pensar. Aliás, isso reflecte-se nas constantes lutas internas nesse mesmo partido. 

Aliás, o fundador do meu partido, Sá Carneiro, ao contrário de outros, combateu a ditadura por dentro, de olhos nos olhos, sem medo. Nunca fugiu para França, nem para outro sítio qualquer, regressando depois armado em herói. 

O fundador do meu partido, Sá Carneiro, não esteve envolvido no vergonhoso processo de descolonização que deixou milhares de português sem o fruto do seu trabalho de muitos anos. 

O fundador do meu partido, Sá Carneiro, não descriminava e marginalizava os portugueses que regressavam de África, como faziam os partidos de esquerda. 

O fundador do meu partido, Sá Carneiro, foi uma das pessoas que impediu que, após o 25 de Abril de 1974, se instalasse em Portugal uma nova ditadura, desta vez de esquerda. 

Sim, eu festejo o 25 de Abril. Sim, o meu partido festeja o 25 de Abril. Mas, ao contrário da esquerda, eu olho para o futuro. Às vezes, a esquerda portuguesa parece ter saudades do Fascismo, só para poder fazer outra Revolução.

P.S. – O feriado que para mim tem mais significado é o dia 1 de Dezembro.

Discotecas com rodas

Agosto 4th, 2008

Sant Quirze de Besora. Catalunha, a 90km de Barcelona.

Final do dia.

No quarto do hotel, relaxamos de uma cansativa viagem de carro pelos Pirinéus. Eu estou deitado na cama a ver televisão. A Marisa está na varanda, apanhando ar fresco.

De repente, ouço um carro parar no parque de estacionamento. A música vinha aos berros. Pensei: “Deve ser português…”

Diz a Marisa, lá de fora: “Este carro que chegou agora tem matrícula portuguesa!”

Dias mais tarde, passeavamos à noite pelas ruas de Sant Quirze. Ao longe, ouvimos, novamente um carro com a música nas alturas. Quem era? O nosso compatriota.

Nunca percebi este vício de pôr o rádio no máximo e abrir os vidros.

Caros amigos azeiteiros: ninguém está interessado na vossa música! Para além de ser péssima, só conseguimos ouvir a parte do baixo “pum pum pum pu pu pum…”

Se querem meter a música para toda a gente ouvir, ao menos utilizem música de jeito.

Obrigado!

Conversas parvas VII

Agosto 2nd, 2008

Pessoa: Então, as férias?

Eu: Foram boas, obrigado!

P: Mas tu não estás moreno…

E: Não fui para a praia.

P: Não gostas de praia?

E: Gosto, mas não ia fazer 1.200km de carro para ir para praia. Tenho praias muito boas aqui ao pé.

P: Mas a água aqui é fria para tomar banho…

E: Em casa tenho água quente.

P: Não gostas de tomar banho na praia?

E: Não. Gosto de apanhar sol, relaxar, ler um livro…

P: Então o que fizeste nas férias?

E: Passear, conhecer novos sítios, outras culturas, outras pessoas… Aprender.

P: Ah… pois…

Sabiam que…

Agosto 1st, 2008

…quem, após vários anos de trabalho honesto, de descontos, de impostos, é despedido e está a receber o Fundo de Desemprego, tem que se apresentar de 15 em 15 dias na Segurança Social e, para além disso, tem que apresentar provas de que anda à procura de trabalho?

Contudo, aos parasitas que recebem o Rendimento Mínimo nada disto é exigido!!!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.