António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Êxtase

Março 19th, 2008

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Ele: Tu és sempre assim?

Ela: Sou como tu quiseres…

Ele: Mas eu não quero. Quero que sejas tu!

Ela: Eu não existo. Só existo a partir do momento em que me sonhas, imaginas, crias e desejas. No fundo, eu acabo por ser tu próprio, dado que é de ti que eu venho e é para ti que eu vou

Ele: Não digas mais nada. Não vim aqui para falar.

Ela: Tu é que começaste…

Azul…

Março 9th, 2008

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Não é do céu
Não é da água

É do sorriso que ocultas
Do olhar de desprezo
Da indiferença
Da distância

Podia ser o céu
Podia ser o mar
Podia ser a felicidade

Se por um momento
Um só instante
Quisesses ser minha

Cinza…

Março 9th, 2008

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Depois do fogo
Resta-me a cinza
Vestígios de um cigarro
Que fumamos na ressaca do prazer
Sombra de um incêndio
Que dizimou a floresta da nossa paixão

A cinza
Fica
Em nós
Quando abandonas o meu corpo

Quando partes
E deixas teus olhos em mim

A teu cheiro
O aroma que vem de dentro de ti
Que me enebria
Que me tira a razão
É a minha cinza…

(montagem em Photoshop CS2, a partir de foto recolhida na Internet)

Eles…

Fevereiro 1st, 2008

Ele estava lá.

Nada mais tinha para lhe dar a não ser um ombro, onde ela pudesse dormir, descansar, repousar de dias fatigantes, da pressão do austero patrão, do entra e sai de clientes.

Ela veio.

Apenas para partilhar um espaço, ouvi-lo e falar com ele. Ela fez com que ele, pela primeira vez em muito tempo, se sentisse acompanhado num Mundo tão grande que lhe fugia como areia por entre os dedos.

Depois de uma troca de olhares, que não foi mais do que um “quem és tu que conheço há tanto tempo?”, falaram… falaram horas a fio.

Alguém, no meio do turbilhão de emoções que rasgavam o céu dos seus corações, disse: “Vocês fazem um casal tão bonito! Podiam experimentar…”

Aquilo mexeu com eles. Mas afinal…

Falaram, falaram horas a fio e, quando tiveram que se separar, ele pensou que seria para sempre. Tinha sido bonito aquele dia… bonito e nada mais.

No entanto, algo os prendia. Eles não se separaram. Aquele dia tinha que continuar e, a partir daí, nunca mais se afastaram.

Hoje são um só e, mesmo sem dizerem nada, falam horas… horas a fio!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.