Que grande espectáculo!!!
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.
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Espera
Os bons e os maus (desenvolvimento)
Isto não está fácil… Portugal não encontra uma forma de combater o crime. Os Romanos, nisso, eram peritos. Crucificavam os criminosos e punham-nos à porta das cidades, de modo a que os potenciais prevaricadores pensassem duas vezes antes de incorrerem no delito. Podia não resultar plenamente, mas de certeza que ver malta flagelada, a esvair-se em sangue, pendurada por pregos numa cruz, devia assustar um bocadinho.
Leonor Cipriano está presa pela morte da filha. Não foi uma morte qualquer. Só o facto de ser a mãe a matar a própria filha, confere ao crime um carácter de horror incomparável. Para além disso, esquartejou a pobre vítima e ocultou o corpo.
A indefesa Joana foi esquartejada em cerca de 30 minutos com o apoio de uma faca com cabo e uma serra de cortar metal que se encontravam na habitação onde vivia parte da família.
Cheguei a pensar colocar neste texto os pormenores do assassinato da pequena e indefesa Joana. Contudo, não é isso o mais importante.
O mais importante é que Leonor Cipriano, num golpe de cinismo brutal, interpôs uma acção em tribunal contra os agentes da PJ que a interrogaram. Diz ela que foi espancada e até tem umas fotografias que “comprovam”.
É caso para dizer: só se perderam as que caíram no chão.
Um destes dias, quando víamos uma reportagem sobre este assunto na televisão, a Marisa sugeriu que o Presidente da República condecorasse os agentes que, supostamente, agrediram Leonor Cipriano. Eu concordo.
Como é possível que, alguém que cometeu um crime indescritível, venha agora acusar agentes da autoridade de a terem agredido. E, mesmo que a tenham agredido, foi injusto? Foi errado?
Pior iremos ficar se os agentes forem condenados.
Os bons e os maus…
Os bons e os maus
Leonor Cipriano matou, esquartejou e escondeu a filha algures.
Leonor Cipriano acusa vários agentes da Polícia Judiciária de a terem espancado…
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Aguaceiro
Em tons cinza tu chegaste
Gota a gota
Foste regando o meu jardim
Quente no meu quarto
Ouvia-te
E desejava-te
À medida que crescias
À medida que a tua música me invadia
Sentia-me atraído por ti
Abri a janela
E desejei-te
E tu invadiste-me
O meu desejo era tanto
Que saltei
E caí na poça que tinhas formado
Chamaste os relâmpagos e os trovões
Os mais revoltosos vendavais vieram contigo
E juntos dançamos numa dança louca e interminável
Deixei-me possuir por ti
Toquei nos relâmpagos com os meus dedos
Fui a voz dos trovões e deixei-me voar com o vento
Já cansado deitei-me na lama
E tu continuavas e penetrar-me
Até à mais ínfima e recôndita célula
Adormeci nos teus braços e contigo sonhei
Até acordar numa verde floresta
Contigo em cada folha, em cada ramo
Estava nu
E tu estavas no meu corpo
Ao caminhar sentia-te nos meus pés
Estava feliz
E era a tua felicidade que me inundava
Era a tua felicidade a minha seiva
Banda Sonora
No princípio era eu. Eu e a minha solidão. O Mundo, aí, fazia sentido. Moldado à minha imagem, acontecia comigo. “Faça-se luz” eu disse, e a luz surgiu. Quis viajar, então criei rios e mares onde naveguei e descobri o Mundo. “Crescei e multiplicai-vos” e à minha volta multiplicaram-se amigos e inimigos, e já não era só eu e a solidão, mas pela primeira vez senti-me só.
Tinha amigos e inimigos, mas estava só. Pela primeira vez senti que precisava de ti.
Então, criei a música. Precisava de uma banda sonora para embarcar na minha mais ambiciosa demanda.
Encontrei-te numa quente noite de Inverno. Bati à tua porta, mas não sabias que era eu e continuaste, calmamente, a beber o teu chá.
Encontrei-te na baixa. O Natal estava perto e havia muita gente na rua. Corri aos encontrões com a multidão e confundi-te no rosto de alguém parecido contigo.
Encontramo-nos, um dia, à espera do autocarro. Já não me sentia só e tu sabias quem eu era. Quando pensava que eras minha para sempre, partiste e senti que, tudo o que tinha criado partira contigo.
Errei, então, por becos sem saída. Embriaguei-me, droguei-me, criei uma banda sonora de horror.
Um dia telefonaste-me. Marcamos um encontro, mas só querias brincar comigo. Fui um objecto nas tuas mãos, mas saltei fora a tempo. A banda sonora de horror continuava e aproximava-se dos últimos compassos.
Chegou a suspensão final e procurei nos meus arquivos a partitura da felicidade. Finalmente, eras tu! Já não eram enganos ou confusões. Era o fim da minha demanda. O meu Graal, a minha Jerusalém estava ali, dormindo no meu colo. Naquele momento senti que serias minha para sempre.
A banda sonora entrou num interminável “allegro”.
Fátima Lopes ao poder!!!
Hoje de manhã passei os olhos pela televisão e dei de caras com a Fátima Lopes. Pela maneira como a senhora estava a falar, parece que percebe mais de direito que os Juízes, percebe mais de autópsias que os médicos legistas.
A Dona Fátima Lopes é a solução para os males do nosso país!
Ela é que sabe! Ela sofre com o dor dos portugueses, ela chora com as nossas lágrimas, ela sente na pele as mágoas de um povo oprimido.
Quando tiver um problema, vou pedir ajuda à D. Fátima. Da próxima vez que me aparecerem micoses é com ela que vou falar!
E ela dá dinheiro ao pessoal! Basta ligarem e falarem com o pato e com o velhote que o segura pelo rabo.
Orgulhosamente filarmónicos!
É Domingo. São 5h30 da madrugada e eu levanto-me. Como eu, outros colegas estão a acordar, outros ainda mais cedo. Objectivo? Concerto da Banda Fórum na Sertã. É preciso estar no Porto antes das 7h, pelo caminho dar boleia a alguns amigos.
O que leva um grupo de mais de 60 pessoas, entre músicos, maestro e staff, a saírem da cama de madrugada a um Domingo, para percorrerem centenas de quilómetros?
O que faz com que, apesar de ser tão cedo, quando nos encontramos já paire no ar uma alegria contagiante?
De onde vem uma cumplicidade espontânea, que se reflecte em cada olhar, em cada sorriso?
No fundo, o que é que nos move?
Este é um concerto não remunerado.
As despesas de deslocação são por nossa conta, nalguns casos as despesas de alimentação também. A nossa “farda”, se é que se pode chamar farda a um simples pólo verde que envergamos com orgulho e emoção, somos nós que a pagamos.
Por incrível que pareça, por muito estranho que isto soe na cabeça de muita gente, por bizarro que se mostre nos dias de hoje, na Banda Fórum só nos juntamos pelo prazer de tocar, de estarmos todos juntos e conhecer novos amigos. Fazemos das tripas de coração para podermos viver estes momentos e não custa nem um bocadinho.
Numa altura em que há bandas filarmónicas a contratar músicos a peso de ouro, há uma banda filarmónica irreverente, quase rebelde, que é paga pelo coração de cada um daqueles que dela fazem parte.
E sabem o que é mais giro? A malta conheceu-se toda pela Internet. A malta resolveu juntar-se pela Internet.
P.S. – A Banda Fórum é a primeira banda filarmónica do Mundo formada a partir da Internet.
No concerto de ontem estavam músicos de vinte e sete bandas filarmónicas, treze dos quais pela primeira vez envergavam o pólo verde.
Ao cabo de três anos, pela BF passaram mais de duzentos e vinte músicos.
Para mais informações: www.bandaforum.net