Ouço vozes
Chamam-me em diferentes direcções
Soam como gritos
Vêm das multidões
Atingem-me os ouvidos
Fazem-me tremer
A luz à minha volta
Tende a escurecer
E caio no precipício
Que parece não ter fim
E cresce o ruído
Dentro de mim
Num choque repentino
Embato contra o fundo
E na minha cabeça
Embate o peso do Mundo
Mas uma voz delicada
As outras silencia
E ao reconhecer-te
Renasce a luz do dia
Então é música que ouço
Ao ver o ver de novo o teu sorriso
E sei ao senti-te
Que és tudo o que preciso
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.
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Vasco Balio & os Luvas de Amianto (ao vivo!) – 2
Espera
Os bons e os maus (desenvolvimento)
Isto não está fácil… Portugal não encontra uma forma de combater o crime. Os Romanos, nisso, eram peritos. Crucificavam os criminosos e punham-nos à porta das cidades, de modo a que os potenciais prevaricadores pensassem duas vezes antes de incorrerem no delito. Podia não resultar plenamente, mas de certeza que ver malta flagelada, a esvair-se em sangue, pendurada por pregos numa cruz, devia assustar um bocadinho.
Leonor Cipriano está presa pela morte da filha. Não foi uma morte qualquer. Só o facto de ser a mãe a matar a própria filha, confere ao crime um carácter de horror incomparável. Para além disso, esquartejou a pobre vítima e ocultou o corpo.
A indefesa Joana foi esquartejada em cerca de 30 minutos com o apoio de uma faca com cabo e uma serra de cortar metal que se encontravam na habitação onde vivia parte da família.
Cheguei a pensar colocar neste texto os pormenores do assassinato da pequena e indefesa Joana. Contudo, não é isso o mais importante.
O mais importante é que Leonor Cipriano, num golpe de cinismo brutal, interpôs uma acção em tribunal contra os agentes da PJ que a interrogaram. Diz ela que foi espancada e até tem umas fotografias que “comprovam”.
É caso para dizer: só se perderam as que caíram no chão.
Um destes dias, quando víamos uma reportagem sobre este assunto na televisão, a Marisa sugeriu que o Presidente da República condecorasse os agentes que, supostamente, agrediram Leonor Cipriano. Eu concordo.
Como é possível que, alguém que cometeu um crime indescritível, venha agora acusar agentes da autoridade de a terem agredido. E, mesmo que a tenham agredido, foi injusto? Foi errado?
Pior iremos ficar se os agentes forem condenados.
Os bons e os maus…
Os bons e os maus
Leonor Cipriano matou, esquartejou e escondeu a filha algures.
Leonor Cipriano acusa vários agentes da Polícia Judiciária de a terem espancado…
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Aguaceiro
Em tons cinza tu chegaste
Gota a gota
Foste regando o meu jardim
Quente no meu quarto
Ouvia-te
E desejava-te
À medida que crescias
À medida que a tua música me invadia
Sentia-me atraído por ti
Abri a janela
E desejei-te
E tu invadiste-me
O meu desejo era tanto
Que saltei
E caí na poça que tinhas formado
Chamaste os relâmpagos e os trovões
Os mais revoltosos vendavais vieram contigo
E juntos dançamos numa dança louca e interminável
Deixei-me possuir por ti
Toquei nos relâmpagos com os meus dedos
Fui a voz dos trovões e deixei-me voar com o vento
Já cansado deitei-me na lama
E tu continuavas e penetrar-me
Até à mais ínfima e recôndita célula
Adormeci nos teus braços e contigo sonhei
Até acordar numa verde floresta
Contigo em cada folha, em cada ramo
Estava nu
E tu estavas no meu corpo
Ao caminhar sentia-te nos meus pés
Estava feliz
E era a tua felicidade que me inundava
Era a tua felicidade a minha seiva
Banda Sonora
No princípio era eu. Eu e a minha solidão. O Mundo, aí, fazia sentido. Moldado à minha imagem, acontecia comigo. “Faça-se luz” eu disse, e a luz surgiu. Quis viajar, então criei rios e mares onde naveguei e descobri o Mundo. “Crescei e multiplicai-vos” e à minha volta multiplicaram-se amigos e inimigos, e já não era só eu e a solidão, mas pela primeira vez senti-me só.
Tinha amigos e inimigos, mas estava só. Pela primeira vez senti que precisava de ti.
Então, criei a música. Precisava de uma banda sonora para embarcar na minha mais ambiciosa demanda.
Encontrei-te numa quente noite de Inverno. Bati à tua porta, mas não sabias que era eu e continuaste, calmamente, a beber o teu chá.
Encontrei-te na baixa. O Natal estava perto e havia muita gente na rua. Corri aos encontrões com a multidão e confundi-te no rosto de alguém parecido contigo.
Encontramo-nos, um dia, à espera do autocarro. Já não me sentia só e tu sabias quem eu era. Quando pensava que eras minha para sempre, partiste e senti que, tudo o que tinha criado partira contigo.
Errei, então, por becos sem saída. Embriaguei-me, droguei-me, criei uma banda sonora de horror.
Um dia telefonaste-me. Marcamos um encontro, mas só querias brincar comigo. Fui um objecto nas tuas mãos, mas saltei fora a tempo. A banda sonora de horror continuava e aproximava-se dos últimos compassos.
Chegou a suspensão final e procurei nos meus arquivos a partitura da felicidade. Finalmente, eras tu! Já não eram enganos ou confusões. Era o fim da minha demanda. O meu Graal, a minha Jerusalém estava ali, dormindo no meu colo. Naquele momento senti que serias minha para sempre.
A banda sonora entrou num interminável “allegro”.
Fátima Lopes ao poder!!!
Hoje de manhã passei os olhos pela televisão e dei de caras com a Fátima Lopes. Pela maneira como a senhora estava a falar, parece que percebe mais de direito que os Juízes, percebe mais de autópsias que os médicos legistas.
A Dona Fátima Lopes é a solução para os males do nosso país!
Ela é que sabe! Ela sofre com o dor dos portugueses, ela chora com as nossas lágrimas, ela sente na pele as mágoas de um povo oprimido.
Quando tiver um problema, vou pedir ajuda à D. Fátima. Da próxima vez que me aparecerem micoses é com ela que vou falar!
E ela dá dinheiro ao pessoal! Basta ligarem e falarem com o pato e com o velhote que o segura pelo rabo.


