António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Tempestade de desejo

Novembro 29th, 2008

Os relâmpagos rasgavam o céu. As gotas de chuva intensa compunham no chão e nos telhados uma complexa sinfonia rítmica. Ignorando tudo isto ele seguia veloz no seu carro, carregado cada vez mais no acelerador, desafiando o perigo e o estado dos seus pneus.
Sabia que ela o esperava.
Sabia que o tempo era escasso e que não ia ser a chuva que o ia impedir de a ter mais uma vez.
Nova aceleração.
Ela esperava à janela. Contemplava os relâmpagos e sentia os trovões dentro de si. Acendia mais um cigarro. “Lá fora deverão estar uns zero graus”, mas o conforto do ar condicionado, permitia-lhe desfilar sensualmente pela sua sala de estar em roupa interior. Tinha-se preparado para ele. Sabia como ele apreciava aquele corpo alvo, deliciosamente adornado de rendas e sedas, com os cabelos loiros a flutuarem sobre os ombros.
Amavam-se secretamente e cada encontro resumia-se a uma hora de prazer, ela encarnando o papel de prostituta e ele de amante furtivo. Mas o seu amor era real. Era a escassez do tempo que os obrigava a esquecer as carícias e palavras de amor e a entregarem-se directamente à luxúria. Os resto ficava para os telefonemas, sms e e-mails. Sabiam que se amavam e não precisavam de o dizer. Apenas de o sentir nos braços um do outro, por meio de gemidos, beijos longos e todas as outras artes dos amantes. Cada segundo era precioso e não havia tempo a perder.
Ela nunca tinha tido outro homem. Todos os dias recordava-se da primeira vez. Os nervos, o medo, a dor, o suor e por fim a descoberta daquele prazer tão único, que só um homem, aquele homem lhe podia dar.
Ele também não esquecera aquele momento. Ficou marcado de tal forma que, sempre que se encontravam, sentia-se como se fosse a primeira vez.
Por isso, acelerava. Por isso tinha apenas uma coisa na cabeça: o seu nome. Nome que atrás de si trazia um amor do tamanho de tudo. Trazia palavras doces, um sorriso terno e loucos minutos de prazer carnal.
Finalmente virou para rua tão desejada.
A sala, escura, iluminou-se com os jactos brilhantes dos faróis que cortavam a chuva.
Ao sentirem a presença um do outro, os seus corações repousaram. Bastou um olhar para explosões de desejo se libertassem dos seus corpos e vivessem aquela hora tão mágica em que tudo o resto deixa de existir.

Dragão ressucitado, Sporting macio, Tragédia grega.

Novembro 28th, 2008

Há algumas semanas atrás, a comunicação social fez o funeral, o enterro e a missa de sétimo dia ao Futebol Clube do Porto, nas competições europeias. Depois da humilhação de ter perdido por 4-0 em Londres frente o Arsenal, os jornalistas portugueses sujeitaram o FCP a nova humilhação na abertura dos noticiários e nas capas dos jornais. A situação agravou-se depois da derrota no Dragão frente ao Dínamo, chegando muitos especialistas a afirmar que o FCP dificilmente se apuraria para a fase seguinte da prova. Para além de facciosos os jornalistas portugueses têm muita dificuldade em fazer contas.
Paralelamente, fazia-se a habitual exaltação dos feitos heróicos dos clubes do regime.
Esta semana, porém, os acontecimentos invertem-se. O FCP garante a passagem aos oitavos de final da Champions League, algo a que já habituou os seus adeptos de há uns anos a esta parte. Afinal, parece que o Dragão ressuscitou. Curiosamente, na mesma semana em que aquilo que é normal se confirma – um FCP com história na Europa – os clubes do Regime afundam-se no seu orgulho.
No caso do Sporting não será grave. A equipa já estava apurada, entrou em campo a dormir, o Barcelona joga mesmo muito e não brinca em serviço. Na verdade, o Sporting perdeu face a um potencial vencedor da prova. Podia ter feito melhor mas é uma derrota desculpável.
Contudo, o caso do Benfica faz-me rir, principalmente o teatro que os seus dirigentes armaram na pré-época. Uma equipa que fez de tudo para arrumar o Porto da Champions, que se dizia no direito de representar Portugal na mais importante competição europeia de clubes, mostrou que nem para a Taça UEFA tem estofo. Como é que alguém que quer participar na Liga dos Campeões pode perder 5-1 em casa do Olympiacos? Quem percebe de futebol sabe que o Olympiacos, ainda para mais a jogar em casa, não é pêra doce, mas não querem comparar esta equipa grega ao Arsenal ou ao Barcelona, pois não? Já para não falar no desaire caseiro frente ao Galatasaray.
Hoje na abertura do Jornal da Tarde a notícia não foi “O Benfica perdeu” mas sim “Quique Flores pede desculpas”.
Ai o lápis azul, o lápis azul…

P.S. – E o Braga continua com azar! Mais uma vez perde ao cair do pano… Melhor sorte para a próxima!

Rio

Novembro 25th, 2008

rio.jpg

Existe um rio
Que nasce no teu coração
E me inunda com Amor
Fresco, doce, suave

Nele mergulho e me afogo
Descubro-te por dentro
E nado até à tua essência

Encontro-te na nascente
Na mais pura montanha
De branca neve adornada
Onde me dás de beber
Doce água cristalina

E então deixo-me flutuar
Amparado pelos teus braços
Pela ternura dos teus olhos
Que me dizem o amor que sentes
E que rega o nosso Mundo

Português revoltado

Novembro 24th, 2008

Recebi este texto por e-mail. A maior parte de vocês, provavelmente, já o conhece.. No comments.

Escrito por uma pessoa revoltada, pelo que teremos que desculpar e ignorar algumas palavras que podem chocar. Porém, estou certo que reflecte o espírito da maioria dos portugueses. A este saltou-lhe a tampa… e não é o único.

“Justo é o C*R*LH*.

Parece que o Primeiro Ministro terá dito que desta vez os sacrifícios serão distribuídos de forma mais justa. Mais Justa é o C*R*LH*!!!!

São 23 horas, cheguei agora a casa e trabalhei hoje doze horas. O meu filho já esta a dormir. Este ano já paguei em impostos e multas dezenas de milhares de euros, todos os meses pago um balúrdio de TSU, tenho custos financeiros indescritíveis por causa da forma como é cobrado o IVA, pago o PEC sobre um rendimento que pode não acontecer e este filho da p*t* vem-me dizer que os sacrifícios serão distribuídos de forma mais justa???

O C*R*LH*!!!!!

Tenho semanas durante o ano em que trabalho 20 horas por dia, este fim de semana não sabia sequer que dia era, no dia da greve de uma chusma de p*n*l**r*s andei na estrada a pagar portagens e a trabalhar para poder pagar impostos,  comecei numa p*t* duma garagem sozinho e dei trabalho a uma carrada de gente a quem pago o IRS, a Segurança Social, Seguros de Trabalho e todas as taxas que o estado me exige, não negoceio salários brutos, por isso que vão para o  C*R*LH* com as contribuições dos trabalhadores, pago salários decentes e recuso-me a pagar o salário mínimo a seja quem for, investi e perdi, arranjei-me, voltei a investir e falhei de novo, recuperei e investi de novo e consegui.

E estes p*n*l**r*s do C*R*LH* vêm agora dizer-me que os sacrifícios são distribuídos de forma justa???; como o Guterres que fodeu o pais todo com o rendimento minimo garantido, a pior opção económica de sempre, nem sabem sequer o que é não dormir, desesperar, cair e levantar sem pedir um tostão que seja ao filho da p*t* do estado?! Nem subsidio de desemprego nem o C*R*LH*?! E tenho que ouvir todos os dias as queixinhas dos funcionários, dos professores com horário zero (!), dos funcionários dos correios, dos anacletos e afins, que fujo ao fisco, que exploro os trabalhadores, que tenho que pagar mais impostos, que sou um parasita?!

Já paguei todos os impostos de facturas que até agora não consegui cobrar (IVA e IRC), paguei IRC sobre stocks que não sei se algum dia conseguirei vender e os sacrifícios são distribuídos de forma justa?! Justo é o C*R*LH*.

Os 2000 funcionários da CM de Albufeira trabalham das 9h às 15h com intervalo para almoço e de caminho a mesma CM entrega e paga serviços a empresas privadas; decidiram mudar a escada da parte velha, fecharam-na, derrubaram a antiga e colocaram a estrutura em metal, e após quinze dias retiraram a mesma estrutura e colocaram-na em madeira! E ainda queriam fazer um elevador até à praia!!! E eu pago. Num qualquer Instituto mais de 50 chulos tratam de 9(!) putos. E eu pago. Substituem administradores pagando indemnizações, contratam o Fernando Gomes e o Nuno Cardoso(!!!!). E eu pago. Inventam Institutos e Fundações. E eu pago. Inventam as SCUTS. E eu pago. O PEC. E eu pago. O Presidente apela ao patriotismo. E eu pago.

Sr. Presidente, com todo o respeito que me merece: Vá-se f*d*r!, você e os camaradas no avião fretado para irem passear para a China.

A CM de Paredes de Coura faz Parques de estacionamento sem trânsito. E eu pago. O anacleto Sá Fernandes rebenta com o C*R*LH* do orçamento da CM de Lisboa. E eu pago. O Sócrates vai á bola de avião Falcon da Força Aérea. E eu pago.

Sacrifícios???!! De quem, C*R*LH*?! Prestam-me um serviço de m*rd* na saúde, a educação é tão miserável que sou obrigado a por o meu puto num colégio privado, nem me atrevo a cobrar dividas em Tribunal devido à miséria que é a Justiça. E pago. Preciso de uma p*t* de uma cirurgia e tenho dezasseis mil pessoas em lista de espera, pelo que se não tivesse um seguro de saúde estaria como milhares de desgraçados que se calhar já morreram. E eu e eles pagamos. Os sacrifícios são distribuídos de forma justa?

Como, C*R*LH*?!

E aquela esfinge p*n*l**r* de óculos que preside ao Banco de Portugal, que ganha mais que o secretário do tesouro dos E.U.A., está à espera de colectar mais 0,03% do PIB com o aumento do IVA? Pois tenho uma pequenina novidade para o reconhecido génio. Talhos, advogados, lares, lojas de moveis e outros pequenos negócios que conheço já têm a contabilidade e pagam impostos em Espanha e eu, assim seja possível, no ano da graça de 2008 pagarei todo o IVA, IRC e contribuições em Vigo. A chulice destes filhos da p*t* que vá cobrar ao C*R*LH*!!! E quero que se f*d* a solidariedade e a conversa de m*rd* porque não me sai do corpo para o dar a chulos. Por alma de quem? Mais Justo??!! ‘

Pois é meus amigos, Justo é o C*R*LH* QUE OS F*D*!!!!!!!!!!! “

Saber perder.

Novembro 20th, 2008

Está visto que Carlos Queirós tem um futuro complicado à frente da selecção. Mas, pelo menos, já revelou uma grande virtude face ao antecessor: assumiu as responsabilidades pela derrota, coisa que o senhor Scolari nunca fez, mesmo em situações tão, ou mais embaraçantes, que a da madrugada passada. Ou a culpa era do árbitro, ou era dos jogadores da outra equipa que corriam muito. Pelo menos, o Queirós foi homem e assumiu a sua culpa no desastre de Brasília.

Só espero, que ele não tenha que o fazer mais vezes.

Subsídio de Desemprego

Novembro 19th, 2008

Dizem os senhores do Banco de Portugal, que há muito desemprego no nosso país, devido à “generosidade” do Fundo de Desemprego.

Se assim é, eu tenho uma proposta a estes senhores:

– eu fico com metade do salário deles e eles ficam com o meu “generoso” subsídio de desemprego, ok?

Fico a aguardar uma resposta.

As lágrimas

Novembro 17th, 2008

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Gosto de chorar por ti
E sofrer com a tua ausência
Gosto de sentir saudades
Por que a saudade traz o Amor
Aquele Amor interminável
Que construímos na luz de uma noite

Aquele Amor
Que me fará derrubar Montanhas
Secar os Oceanos
Apagar as Estrelas

Aquele Amor
Que confessamos em beijos secretos
Em noites de insónia
Em códigos de ternura

Aquele Amor
Que fala através do olhar
grita através da pele
canta através do sonho

Gosto de imaginar-te ao longe
Adivinhar em que pensas
E o que sentes
Porque enquanto te imagino ficas perto
Perto como tão poucas vezes estás
Tornando cada segundo uma eternidade

Gosto quando te vislumbro num relance
Quando te confundo na multidão
Quando ouço o teu nome noutra pessoa
Quando um som ou um gesto
Te traz até mim
Na memória de um sentido

Adeus

Novembro 16th, 2008

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E quando queres viver
Mas te falta a vontade
Apetece-te desaparecer
Para não saberes a verdade

A verdade que te persegue
Que até os sonhos te domina
Uma força que consegue
Domar tua alma peregrina

Então estás perdido
Num labirinto sem fim
Num gesto incontido
Num pensamento irreflectido
Decides morrer assim

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.