António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Saudades do vazio

Setembro 23rd, 2008

E de repente ela adormeceu.

Adormeceu feliz, porque sabia que em sonhos iria encontrar o amor que não podia ter na realidade.

Apenas em sonhos os seus lábios cruzavam os lábios dele, sentia o fogo da sua paixão e deixava-se desfalecer nos seus braços. Como adorava ela a hora de dormir e entregar-se sem leis aos braços do seu desejo.

Em sonhos vivia, amava, sorria… Era feliz. Era feliz como nos raros momentos em que os seus olhos beijavam os dele. Quando se viam na rua, na escola… Breves instantes em que se olhavam profundamente, desejavam, mas eram forçados a ocultar o seu amor.

E só à noite, quando se deixavam embalar pelos sonhos o seu amor era pleno. Quando acordavam voltavam as saudades. Saudades de um tempo que não viverem, de toques que nunca sentiram, beijos que nunca deram.

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