O recente falecimento do grande profissional da rádio – António Sérgio – fez-me recordar com nostalgia os tempos em que a Rádio Comercial era a “Rádio Rock”.
Aliás, ainda anda lá para casa uma tshirt da dita rádio que inclui mesmo essa expressão: A Rádio Rock.
Na altura, antes de se ter transformado num clone da RFM, a Comercial marcava a diferença no panorama radiofónico português. Alheia a playlists, mainstreams, tendências e afins, “limitava-se” a passar boa música… muito boa música, servida com humor, alegria, juventude. Ao longo do dia podíamos ouvir os grandes dinossauros do rock, bem como grupos que estavam, na altura, a despontar.
E tinha público. Um público fiel.
Dizia um amigo meu: “Consigo ir e vir a Lisboa sempre a ouvir a Comercial”.
A “velha” Comercial acompanhou-me em muitas horas de estudo, sono, Championship Manager, namoro… Era a Comercial que me fazia aguentar as filas de trânsito com um sorriso.
Era uma rádio de culto.
Provavelmente, a única rádio de culto de difusão nacional.
Agora, e desde há uns anos para cá, é uma rádio como as outras. Que passa a mesma música que as outras. Que tem locutores como as outras. Que faz as mesmas coisas que as outras.
Formatada, entediante, automática.
Talvez por isso, o grande António Sérgio tenha sido proscrito pelos responsáveis da Comercial. Por ser diferente, irreverente e não ir em cantigas.
Vai-se ouvindo a Antena 3.