António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Requiem

Agosto 20th, 2009

Apareci no local do costume. À hora de sempre. Estavas atrasada… era normal, chovia e o trânsito era caótico.
Abriguei-me como pude debaixo de um velho toldo de uma loja falida. Um vulto… não, não eras tu.
Cinco, dez minutos. O telemóvel chamava, chamava, mas do outro lado ninguém atendia. Será que te tinhas esquecido dele em casa? Estaria em silêncio? Ou, simplesmente, o barulho da chuva abafava o ruidoso toque?
Quinze, vinte…
Entrei no café. Estava encharcado até aos ossos.
Vinte e cinco, trinta.
Olhei para o telemóvel com vontade de o desfazer. Nem um sinal. Lá fora, os zombies continuavam a correr para as suas vidas patéticas, enquanto a minha corria para o fim.
Trinta e cinco, quarenta.
Decidi que era altura.
Peguei na arma. Disparei mesmo antes de dizeres “desculpa”.

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