António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

O papel das filarmónicas

Janeiro 15th, 2011

(o seguinte texto foi escrito por mim no fórum do Portal Bandasfilarmonicas.com, no tópico de discussão “O papel das filarmónicas”)

« Aqui há uns tempos atrás, num tópico qualquer, eu escrevi que era importante uma banda ter objectivos.

É desses objectivos que deriva o papel da filarmónica; ou, vendo as coisas por outro prisma, é com base no papel que a filarmónica pretende assumir na sociedade onde se insere que serão delineados esses objectivos.

Ou seja, cada filarmónica terá o papel que pretender ter:

– há filarmónicas que pretendem dedicar-se a uma actividade sinfónica, escolhendo reportório desse quadrante, abdicando de romarias e investindo nos concertos em salas fechadas;

– há filarmónicas que investem nas romarias, proporcionando espectáculos variados para públicos heterogéneos;

– há filarmónicas que se dedicam às arruadas e procissões.

– há outras…

Infelizmente, a grande maioria das filarmónicas ainda não sabe muito bem o que quer, daí o papel das filarmónicas no nosso país ser, ainda, indefinido. Por um lado, temos gente a fazer coisas muito boas e do outro gente a fazer coisas muito más (infelizmente).

E voltamos à história dos objectivos. Será uma correcta definição de objectivos, artísticos e sociais, que farão com que uma banda assuma um papel. Arrisco-me até a dizer que, as bandas que apresentam melhor qualidade musical, são aquelas que se guiam por objectivos melhor definidos e, acima de tudo, interiorizados por Maestro, Músicos, Direcção e Público.

Vejam as nossas bandas bem sucedidas e digam lá se não é assim? Quando todos sabem de onde vêm e para onde vão, tudo flui de uma forma diferente.

Agora, quando as bandas andam à deriva (e, infelizmente, são a maior parte do nosso país), as coisas emperram.

O que é fundamental é que todos percebam que há espaço para toda a gente e todos devem ser respeitados, independentemente do seu posicionamento.

Já muito se discutiu neste fórum sobre o que é uma banda boa. Ora, apesar de diversas opiniões, reteve-se uma certa unanimidade em dois parâmetros:

– qualidade musical, com todos os sub-aspectos que isso implica: afinação, interpretação, dinâmicas, técnica, etc.
– capacidade de empolgar o público

Portanto, uma banda não é melhor que outra só porque toca reportório sinfónico, nem uma banda é pior que outra só porque faz procissões. Mais vale uma marcha de procissão bem tocada do que uma sinfonia assassinada.

Vejam, por exemplo, o caso daquela que, para mim, é a melhor banda portuguesa: a Banda de Vilela. Fazem romarias, fazem concertos, tocam de tudo um pouco, dão um espectáculo “do carago”, os músicos divertem-se a tocar e é um prazer ouvi-los. E, muito importante, não têm complexos e procuram sempre dar mais e melhor a quem os ouve.

É difícil? Não, quando sabemos o que queremos.»

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.