Getafe vs. Bayern de Munique
Getafe, equipa espanhola do meio da tabela. Pela primeira vez na sua história, participou numa competição europeia. De jogo em jogo, de eliminatória em eliminatória, foi evoluindo, eliminado adversários teóricamente mais poderosos.
Chegam os quartos-de-final. Frente a frente com o temível Bayern de Munique, o principal favorito à conquista do galardão, ninguém sequer sonharia com o que se veio a passar nos dois jogos. Na primeira mão, empate a 1-1. O pequeno Getafe força o gigante Bayern a um empate caseiro, ainda por cima com a vantagem de conseguir um golo fora. Na segunda mão, em casa, os problemas começaram antes do jogo. Devido às muitas lesões, o treinador do Getafe viu-se forçado a apresentar uma equipa de rcurso. Ainda por cima, logo aos seis minutos, o Getafe vê-se reduzido a 10 jogadores. Estava criado o pior cenário. Se com onze já era complicado, com dez a tarefa seria quase impossível.
A situação não parava de piorar. Um jogador lesionado. Substituição forçada.
Mas, os homens de Getafe são feitos da estranha matéria dos humildes. Com muito trabalho e união entre si, a equipa chega ao golo pouco antes do intervalo. Reforçava a vantagem na eliminatória e obrigava o Bayern a ter que marcar dois golos para passar a eliminatória.
O Getafe estava com um pé nas meias-finais.
Contudo, com a mesma felicidade com que tinha conseguido o golo, surge a infelicidade aos 89 minutos. Golo do Bayern. Jogo para prolongamento.
Depois de ter jogado praticamente todo o jogo com menos um jogador e de ter sofrido um golo no final, seria o Getafe capaz de resistir a mais meia hora de jogo?
A resposta chegou logo no início do prolongamento com dois golos dos espanhóis. Agora parecia definitivo. Os bravos de Getafe curvavam perante si um gigante europeu. Épico! Único! Irrepetível! A poesia do futebol, como metáfora da vida, protagonizada pelos gladiadores do século XXI.
Contudo, esta história não teve um final feliz. Do outro lado estava a frieza alemã, contrastante com o sangue latino dos espanhóis. Ironicamente, iria ser um gladiador latino, italiano, vindo da terra do chamado futebol cínico, a cinicamente sentenciar a queda do Getafe. Luca Toni, já perto do fim do prolongamento, como estocada final num heróico touro de morte, marca os dois golos que o Bayern precisava para seguir em frente na eliminatória.
Costuma-se dizer que para a história fica o resultado: 3-3. Contudo, neste caso, para a história fica a luta, a coragem, a humildade, a vontade do pequeno Getafe que, durante 210 minutos fez tremer o gigante alemão.
Uma lição para o futebol e para a vida!
Parabéns Getafe!