António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Casamentos homossexuais

Fevereiro 15th, 2010

Sabem que mais?

A noite que passou, foi complicada para mim. Não conseguia dormir nem por nada. Então, deu-me para pensar num sem número de coisas, incluindo esta discussão.

Esta discussão só existe porque o ser humano resolveu catalogar sentimentos, emoções, relações…

Por tentarmos ter definições para uma data de coisas é que depois temos dificuldade em encaixar pessoas que sentem algo diferente da maioria, ou daquilo que é natural.

A homossexualidade é natural? Muitos de vocês dirão que não…

Mas será também natural um homem ter apenas uma mulher para toda a vida? Ou será ter várias como nos países árabes? Ou será não ter nenhuma?

Se a monogamia é natural, porque é que tantos homens traem as mulheres e tantas mulheres traem os homens? Ou haverá assim tanta gente “não-natural”?

Digam-me, o que é natural?

A lei dos homens diz que um acto sexual entre uma pessoa de 23 anos e uma de 15 é pedofilia… E o amor? Não conta? A livre vontade não conta?

(aqui há umas semanas, eu e um grupo de amigos “apreciávamos” uma rapariga, até que alguém disse «parem com isso que ela só deve ter uns 14 anos…»; minutos depois descobrimos que ela tinha 20…)

E, já agora, o que é amor? O que é paixão? O que é amizade? O que é desejo? Haverá fronteiras assim tão definidas para as nossas emoções?

E quando sentimos algo que é a mistura disso tudo? Como chamamos? Como exprimimos?

Ou quando sentimos algo que não é nem uma coisa nem outra, mas algo único que duas pessoas criaram e que é irrepetível?

Por não existir no catálogo das emoções humanas não o podemos expressar? Por não estar inscrito nas regras ancestrais da sociedade não pode ser vivido?

Não deveriam as leis dos homens permitir que as nossas emoções fluíssem livremente?

Aqui há tempos ouvia uma senhora, que neste momento vive com outra senhora, a dizer numa entrevista: «eu não sei se sou homossexual, ou se sou heterossexual… sei que, neste momento, estou apaixonada por uma mulher, da mesma forma que no passado estive apaixonada por um homem…»

E foi depois de ouvir isto que muitos dos meus preconceitos caíram.

No fundo, no fundo, não existem homossexuais nem heterossexuais.

Existem afectos que cada um deveria ser livre de viver e expressar.

O John Lennon disse um dia que “vivemos numa sociedade onde a guerra é praticada em público, mas onde temos que nos esconder para fazer amor…”

Caramba, o planeta Terra caminha a passos largos para a extinção. Alguns cientistas não nos dão mais de 40 anos. Não seria altura as pessoas serem verdadeiramente felizes?

O John Lennon também disse um dia: “It´s easy if you try”.

A questão é que dá muito trabalho tentar… e acaba por ser mais fácil e a reboque das convenções e dos preconceitos.

Enquanto isso, há relações que vão continuar para sempre escondidas, vividas secretamente, com toda a dor que isso acarreta… porque assim é que é “natural”.

Vão continuar a haver John Lennons a viver utopias e a morrer com um tiro no meio da rua.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.