Vivemos num Mundo de contradições e o título deste artigo é uma delas.
Apesar de a ciência e a tecnologia estarem tão desenvolvidas, vivermos rodeados de aparelhos que fazem tudo e mais alguma coisa, existirem medicamentos para tudo e para nada, novas áreas da medicina se desenvolverem a uma velocidade alucinante, há cada vez mais pessoas a recorrerem ao sobrenatural quando não encontram explicação racional para determinados factos da vida.
Basta abrirmos os classificados de um qualquer jornal e procurar medievais bruxos e adivinhos, “professores”, curandeiros, oráculos, videntes, mediuns, etc., etc., etc.
Se, Torquemada (o mais famoso Inquisidor de sempre) vivesse nos nossos dias, consolava-se de queimar gente.
Já para não falar na “bruxa-superstar” Maia, que todas as manhãs na SIC, credibilizada pelo olhar sério e compenetrado de Fátima Lopes, anúncia o top dos signos, à guisa de locutor de rádio local que apresenta a tabela classificativa da 3ª divisão nacional, série D.
Seria de esperar que, em pleno século XXI, na ditadura da tecnologia, a crendice, a superstição e os embusteiros do ignorante povo português, fossem perdendo peso para a racionalidade científica.
Contudo, isso não só parece estar não estar a acontecer, como sinto que o fenómeno cresce.
Este facto torna-se ainda mais curioso e intrigante quando se constata que a maior parte dos rituais de “feitiçaria”, magia, ou o que lhe quiserem chamar, são associados a locais de culto da Igreja Católica. Alguns deles praticados e/ou incentivados por padres, alguns deles com responsabilidade na hierarquia adminsitrativa de Roma (não nos podemos esquecer que uma Paróquia é uma espécie de divisão administrativa do Vaticano).
Este envolvimento do clero em actividades periféricas ao culto cristão é vergonhoso para a Igreja e contraditório à mensagem de Cristo e da própria Igreja. E estou à vontade para falar, porque sou Católico praticante e sei do que falo.
Não deveria o Vaticano pronunciar-se definitivamente sobre estas actividades que visam apenas iludir e extorquir os pobres ignorantes que nelas confiam?
Não deveria o próprio Estado ter um olhar crítico sobre os bruxos do século XXI, não numa perspectiva inquisitória, mas do ponto de vista das famílias que são exploradas financeiramente por esta gente? Afinal, trata-se do crime de burla.
Pode parecer um problema pouco importante. Contudo, fica a reflexão.