António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Até quando?

Outubro 5th, 2021

Vestiu-se sozinho depois de (mais) um amor que não aconteceu. Como tantos outros.

Diz-se que antes do sexo, cada um despe o outro, mas no fim cada um tem que se vestir sozinho.

E a dor de ter que se vestir depois de algo que não aconteceu?

Foi (é) assim tantas e tantas noites.

O Netflix, o Instagram, ocupam as mãos e dos olhos que deviam estar ocupados com ele.

Na boca, um infinito “não” onde deveria estar um “mais”.

Até quando?

Ele não sabe. Já quis desistir, mas volta sempre. Como uma droga. Pesada.

Todos os dias pensa “hoje não”, mas todos os dias lança os dados, sabendo que vai perder.

Depois chora. Sozinho. 

Chora pelo não, pelo tempo perdido, pelo tempo passado. Chora por continuar a injectar-se com uma droga que o destrói mas não consegue largar.

Chora por ele. É feio? Não é atraente? Cheira mal?

Chora porque sabe que vai continuar a chorar.

Até quando?

 

 

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.