A vontade que tinham de estar juntos era proporcional às barreiras que entre eles cresciam.
Mas amavam-se e isso era tudo.
Era tudo para os fazerem esquecer que o Mundo rejeitava aquele amor.
Mas eles tinham o seu próprio Mundo.
Um Mundo sem barreiras e que crescia com eles.
Sabiam que, um dia, as barreiras iriam desaparecer e seria tudo tão fácil.
Tão fácil como as palavras, os beijos, o sexo.
Seria, um dia, finalmente, irreversivelmente fácil destruir aquilo que parecia tão difícil.
Na esperança desse dia caminhavam, lado a lado.
Olhando em frente, para que nem um olhar os traísse.
As mãos eram dadas por baixo da mesa, para que nem um gesto os denunciasse.
Os passos eram desalinhados, para que os seus rastos fossem distintos.
Mas havia pausas.
E as pausas faziam-se de loucura.
Deitavam tudo a perder.
Olhavam-se tão profundamente que liam no coração um do outro, uma história gravada com pincéis de dor.
Davam as mãos, agarrando-se com força, com toda a força que os seus corpos produziam, até unirem as veias e viverem do mesmo sangue.
Alinhavam os passos e todos os movimentos para que, finalmente, fossem apenas um.
E depois voltavam ao caminho e havia muitas barreiras a vencer.