António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

“Pomp and Circumstance in D, Opus 39, No. 1” – Elgar

Dezembro 31st, 2021

 

A terminar o ano, um Clássico que não será propriamente “Clássico Filarmónico”, pois não se ouve muito por aí. Aliás, ao longo do meu percurso filarmónico, só toquei esta obra na Banda Visconde de Salreu.

No entanto, penso que faz todo o sentido partilhar a “Pompa e Circunstância” no dia de hoje, pelo seu carácter solene, nobre, épico e empolgante. E, porque não, começarmos todos a tocar isto mais vezes?

Esta é a primeira de seis marchas escritas por Elgar, com título inspirado num trecho do terceiro acto de Otelo, de Shakespeare. Estreada em Liverpool, em 1901, foi dedicada ao seu amigo Alfred Rodewald e a todos os membros da Liverpool Orchestral Society, tendo sido dirigida pelo homenageado.

O Trio contém a melodia conhecida como “Land of Hope and Glory”. Em 1902, a melodia foi reutilizada, de forma modificada, para a seção “Land of Hopeand Glory” da Ode de Coroação para o rei Eduardo VII. A letra foi modificada para se ajustar à melodia original e, como resultado, tornou-se desde então um dos mais importantes momentos no “Last Night of the Proms”, um hino desportivo inglês e uma canção patriótica britânica.

Os americanos também gostam muito disto para as suas famosas cerimónias de formatura.

Aqui fica na interpretação da inigulável banda dos “Marines”:

 

“13 de Outubro” ou “12 de Abril” – Alexandre Fonseca

Outubro 13th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS – Problemas de calendário

Hoje é 13 de Outubro, mas para os filarmónicos também pode ser “12 de Abril”. Assim como, a 13 de Abril, pode ser “13 de Outubro”.

Já muitos de nós tocamos esta bonita marcha de Alexandre Fonseca sob dois títulos diferentes.

Aliás, já me aconteceu, na mesma banda, parte das cadernetas terem um título, e outra parte o outro.

Mas, vamos respeitar o calendário e ficar com a marcha “13 de Outubro”, na interpretação da Banda de Lousada, sob a direcção de Alberto Vieira, num registo Afinaudio.

Se alguém souber a história detalhada por detrás dos dois títulos… agradeço que me contem.

 

“Canções de Outrora” – Luís Cardoso

Outubro 6th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

Há muitas formas de uma obra nos tocar.

Pelo seu carácter, pela sua história na nossa história, pelos sentimentos que nos desperta.

“Canções de Outrora”, um singelo medley de Luís Cardoso, toca-me pelas remotas memórias que traz ao presente. As manhãs de sábado na cama com o meu pai a ouvir música, muita música. Ouvíamos de tudo um pouco, incluindo estes temas que Luís Cardoso tão bem compilou. Até mesmo a marcha “Derby Day” que, durante décadas assinalou a abertura da emissão da RTP.

Contrastando com a vibratilidade de outros medleys deste compositor, “Canções de Outrora” é a manta aconchegante num final de tarde outonal. É aquele olhar sorridente, saudoso e emocionado para o passado. É a exaltação da melhor música portuguesa, sem necessitar de grandes “fogos de artifício”.

Aqui na leitura da Banda de Lever, dirigida pelo meu amigo André Ferreira:

“Concertino para Clarinete” – Carl Maria von Weber

Outubro 1st, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

Edição Dia Mundial da Música

 

 

Hoje é Dia Mundial da Música e o “clássico” de hoje tem que ser especial.

Conheci esta obra na banda de Crestuma, à época tocada em simultâneo por três clarinetistas. Durante anos foi uma das obras de referência da banda, graças ao virtuoso naipe de clarinetes que possuía.

Apaixonei-me de tal forma por este Concertino que, quando comecei a estudar clarinete, fixei como objectivo, um dia, vir a tocá-lo.

Infelizmente, nunca a consegui tocar acompanhado por banda ou orquestra, mas apresentei-a algumas vezes com piano.

Foi das poucas coisas na vida que consegui tocar de cor e sem grande esforço (eu que tenho uma enorme dificuldade em decorar partituras).

Ainda hoje, nas raras vezes em que pego num clarinete, toco umas notinhas disto.

Marcou-me de tal forma, que eu marquei-a na pele.

Aqui fica na interessante interpretação de Aaron Lipsky, vencedor da Edição de 2020 do Concurso para Músicos do Ensino Secundário da Banda dos “Marines”, acompanhado pela própria “President’s Own United States Marine Band“.

Feliz Dia da Música a todos!

“Final da 4ª Sinfonia” – Tchaikovsky

Setembro 22nd, 2021

Qual é o “calhau”, qual é ele, que tem um extracto na entrada de uma canção dos Pink Floyd?

“(…)

O quarto andamento. Se dentro de si não encontra motivos para alegria, olhe para os outros. Saia entre as pessoas. Veja como eles podem divertir-se, entregando-se de todo o coração aos sentimentos de alegria. Imagine a alegria festiva das pessoas comuns. Mal conseguiu esquecer-se de si mesma e deixar-se levar pelo espetáculo das alegrias alheias, o destino irreprimível reaparece e o faz lembrar de si mesma. Mas os outros não se importam consigo e não perceberam que está solitária e triste. Oh, como eles se divertem! Estão muito felizes porque todos os seus sentimentos são simples e directos. Rejeite-se e não diga que tudo neste mundo é triste. A alegria é uma força simples, mas poderosa. Alegre-se com a alegria dos outros. Viver ainda é possível.

Isso, minha cara amiga, é tudo que posso explicar a sobre a sinfonia. Claro, isso é vago e incompleto. Mas uma qualidade intrínseca da música instrumental é que não cede à análise detalhada (…)”

Assim escreveu Tchaikovsky sobre o último andamento da sua quarta sinfonia.

Assim o tocou a Banda de Arcos de Valdevez, no Concurso de Bandas Filarmónicas Braga 2016, sob a direcção de Gil Magalhães, com gravação Afinaudio.

 

“Clarinet Concerto” – Artie Shaw

Agosto 20th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

Fim da 4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

Há obras que ficam para sempre associadas aos intérpretes.

Vou cometer uma inconfidência e partilhar um excerto de uma conversa que tive esta semana com o Ricardo Torres:

“Em relação ao Artie Shaw, devo-o ter tocado umas 100 vezes com a BMF. (…)  sem querer ser pretensioso, acho que marcámos uma posição em relação a esse estilo e peça. (…) Não sei se existem vídeos disso, mas de qualquer forma está gravado numa dos cd’s da banda. Era sempre uma das últimas obras do dia, depois de arruadas, concertos e procissões . Só eu sei o esforço que era (e beiças de aço) para fazer aquilo. Mas era uma sensação que poucos têm a oportunidade de experimentar.”

Tenho pouco a dizer sobre a obra, porque ela fala por si. Sinto-a de forma muito visceral e acho que é a melhor forma de me despedir dos Clássicos Filarmónicos (pelo menos neste formato regular e diário).

Para quem é clarinetista e apaixonado pelo swing este Concerto tem tudo. E o Torres ainda lhe acrescenta um toque muito especial pelas improvisações que lhe mete, com muito critério e bom gosto. Porque, isto de tocar jazz, não é só “guinchar”, “glissar” e mandar “notas à sorte”. É preciso ter “soul”, “groove” e essas coisas todas impossíveis de descrever por palavras.

Aqui fica a incrível interpretação do Ricardo Torres, com a Banda Sinfónica da GNR, sob a direcção do Sargento-Mor Armindo Pereira Luís.

“A Jazz Flavour” – Afonso Alves

Agosto 19th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª – Temporada – “Procura aí o papel…”

Músico, Maestro, Compositor e Pedagogo. Afonso Alves é uma figura incontornável da nossa Filarmonia.

Já escrevi esta introdução antes, mas hoje faz sentido repeti-la. Afonso Alves completa hoje mais um aniversário e a melhor forma de o homenagearmos é através da partilha da sua Música.

Felizmente, tenho uma relação de amizade com vários compositores portugueses mas, com o Afonso, essa relação é verdadeiramente especial. Horas e horas a partilhar o palco, muitas “tainadas” (a melhor parte), imensas conversas sobre Música, Filarmonia, Arte e Vida. (e até lhe dou suporte informático…)

“A Jazz Flavour” é uma das suas composições que mais aprecio, porque demonstra a sua versatilidade como compositor, sem perder a sua marca de autor.

Já a toquei várias vezes sob a direcção do próprio e sempre com uma forte componente cénica.

Quando vos faltarem ideias para reportório “ligeiro”, têm aqui uma boa opção.

E, porque não, aproveitar para relembrar as suas outras obras já aqui abordadas?

(o facto de ter tantas obras nesta rúbrica, mostra bem a proficuidade do seu trabalho)

Parabéns, Afonso! Aqui fica o teu “Jazz Flavour”, num registo da Molenaar. Certamente numa interpretação dirigida por ti. Se me ajudares a identificar a banda, agradeço.

E, como o próprio costuma dizer: “Que a Música faça sempre parte das vossas vidas!”

 

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.