António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Foi uma viagem

Fevereiro 22nd, 2011

Foi uma viagem
Em que me guiaste pela mão
Mostraste que o Mundo
Vai para além da razão

E subi a um altar
Que jamais tinha sonhado
Num corpo perfeito e branco
Com estrelas tatuado

Falei com os Deuses
Que me levaram até ti
Pintei na minha pele
A magia que na tua conheci

E deixei-me cair
No abismo que eu criei
Belo, terno e profundo
Pelo Universo viagei

E foi num lençol puro
Pelos anjos tecido
Que senti o doce aroma
De um  fruto proibido

Foi o teu abraço
Foi o teu calor
Que me inundou o corpo
Com a dor do amor

O mentiroso

Fevereiro 19th, 2011

Nos últimos dias tenho-me lembrado com frequência de uma pequena “cantilena” que a minha avó paterna dizia muitas vezes:

“Coitado do mentiroso:
quem mente uma vez mente sempre.
Ainda que diga a verdade,
todos lhe dirão que mente!”

Avé Mundi Luminare!

Fevereiro 13th, 2011

Não…
Não vale a pena o esforço, o trabalho, a dedicação, o suor. Bastam as palavras certas, na hora certa. Basta a hipocrisia e a mentira. Basta o cinismo. E aí vêm os aplausos!

Urra!!!

Para quê o estudo? Para quê querer evoluir a cada dia? Para quê a entrega? Basta contares uma história, muito bem contada. Convences meia-dúzia de otários, que se rendem ao teu brilhantismo intelectual e tens o Mundo nas mãos.

Yupi!!!!

Esquece a competência. Esquece o mérito. Esquece o carácter. Basta sorrires com a tua falsa humildade. Basta saberes seres vítima da tua própria burrice. E terás o teu pedestal.

Hey!

Não procures ser o melhor, porque serás sempre o pior. Mas isso não importa. O que importa é que, mais uma vez, toda a gente caiu na tua cantiga e, mais uma vez, sais em ombros pela porta grande.

Olé!

Afinal, foste tu quem secaste toda a competência ao teu redor. Afastaste com um toque de génio todos aqueles que eram melhores que tu para que o ceptro do poder de caísse no colo.

Yes!

Ficaram os descerebrados, os fracos, os indiferentes. E agora és o rei revestido com manto de outro.

Ah!

Ó Glória que tanto desprezas quem luta e recais impunemente sobre os soberbos!

Ah?

O melhor é desistir… Deixá-los continuarem a enganar-se a si próprios, porque um dia a maquilhagem vai secar. E vão-se ver as rugas, as chagas, toda a podridão que reveste aquela carne seca que agora ninguém vê.

Hmmm….

Para já tudo é belo e sublime. Por fora e para fora, porque isso é que interessa.

Ufff….

Se chegaste onde chegaste calcando tudo e todos, isso ninguém precisa saber… até porque é mentira, porque desde há muito que a única verdade que existe foi a mentira que criaste.

Grrrrrr….

Continua no teu mundo pequenino, pequenino, pequenino… triste, triste, triste. Não. Minto. Grande, grande, grande! Feliz, feliz, feliz!

RFM

Fevereiro 8th, 2011

A RFM está a promover um concurso de criatividade.

Prevejo resultados desastrosos. O facto de alguém ouvir a RFM já é sinal de falta de criatividade.

Parabéns a você…

Fevereiro 6th, 2011

Naquela tarde, Catarina chegou a casa mais cedo do trabalho. Nessa noite iria com o marido, Gonçalo, jantar a casa da irmã dele, Dulce, para celebrarem o 5º aniversário do seu sobrinho, o pequeno Jorge.

Catarina adorava o pequeno Jorge. Para além de se darem muito bem e de Catarina ser a melhor parceira de Jorge nas suas brincadeiras, muitas vezes incompreendidas pelos outros adultos, via nele a esperança do filho que ainda não alcançara. Por isso, decidiu tomar um bom banho e preparar-se dignamente para a festa.

Arranjou-se. Não ia formal, mas apresentava-se num “casual cuidado”.

Estava a terminar quando o marido chegou.

Preparou-se psicologicamente, pois Catarina era quase totalmente incompatível com a família de Gonçalo.

Mas, nem de longe, nem de perto, Catarina imaginava o que lhe iria acontecer.

Após tocar a campainha, a porta é aberta pelo pequeno Jorge. Sorridente, saltitante e entusiasmado com a quantidade de prendas que aquela noite prometia.

“Parabéns!”

A alegria e o entusiasmo inicial são rapidamente cortados por uma visão.

Dulce, a mãe do aniversariante, está vestida como se fosse iniciar a limpeza da casa.

Família 1 – Catarina 0

Acto contínuo, Catarina reconhece a voz familiar de Mafalda, uma amiga de Fernando (marido de Dulce) que ela não suporta. Fala sempre com a voz colocada, sotaque quase lisboeta, suborna Jorge com presentes.

Família 2 – Catarina 0

Mafalda agarra-se ao pequeno Jorge e nunca mais o larga.

“Bora lá jantar!”

Frango estufado com um arroz horrível, sendo que a quantidade era manifestamente insuficiente para o numero de convivas.

Família 3 – Catarina 0

Catarina lá faz o esforço para engolir o frango.

Prepara-se para a primeira garfada quando ocorre este diálogo:

– Porque é que o Jorge está a beber esse sumo?

– Para fazer cócó. Já não faz há dias!

– Ai faz faz! Ainda fez em minha casa este domingo e fez bastante!

Isto seguido da descrição da cor e textura do cocó…

Família 4 – pinheiro 0

O pouco apetite de Catarina desvanece-se.

Chega um casal de primos.

Ela é daquele tipo de pessoa que emite opinião sobre tudo e mais alguma coisa, mas no fundo, não percebe de nada.

Entra em discussão com Mafalda.

Discutem cinema francês.

A “prima” detesta.

Mafalda adora.

Mafalda declara que Godard é o melhor realizador de todos os tempos e que quem não gosta ou quem não vê Godard é ignorante.

Família 5 – Catarina knock out:

“Gonçalo, eu vou embora, espero por ti no carro”

No caminho para casa, Catarina pensava “se eu ficasse dentro daquela casa, mais um minuto, explodia”.

 

Estatística

Fevereiro 5th, 2011

Uma pessoa com 40 anos viu o FCP ser campeão 19 vezes, o 5lb 14 vezes, o scp 5 e Boavista 1 vez

Uma pessoa com 30 anos viu o FCP ser campeão 17 vezes, o 5lb 8 vezes, o scp 3 e boavista 1 vez

Uma pessoa com 20 anos viu o FCP ser campeão 13 vezes, o 5lb 4 vezes, o scp 2 e Boavista 1 vez

Uma pessoa com 10 anos.. viu o FCP ser campeão 6 vezes, o 5lb 2 vezes, o scp 1 e Boavista 1 vez

o resto é regime.

Travessia

Fevereiro 4th, 2011

– Tens muita fome?

– Nenhuma.

– Eu também não.

– Vamos passear um pouco…

Embalados pelo mar, caminhamos lado a lado, como a estrada nos levasse ao infinito. Eu contava-te quem sou e as minhas histórias faziam-te rir. E o teu sorriso fazia-me amar-te.

Precisava de mais. De sentir nos meus lábios o teu sorriso.

Embalados pelo mar, matamos a saudade e reduzimos a infinita distância das nossas vidas a um beijo que teve tanto de doce, como de salgado; um beijo que resumiu a alguns minutos as histórias que te faziam rir.

Depois veio o silêncio.

Embalados pelo mar, ali ficamos e o silêncio transformou-se em música… aquela música que tanto nos fez perder entre suores e paixões, nas noites de um Verão não muito longínquo.

Um beijo.

Embalados pelo mar, voltamos à estrada que nos levava ao infinito.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.