António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Porque só tu sabes

Julho 10th, 2011

Porque só tu sabes
A emoção de te olhar
Tocar e sentir

Roubar o teu olhar
E chamar-lhe meu
Acolher-te no meu colo e dizer-te: sou teu

Segurar a tua mão
Enquanto o infinito nos adormece

Viver nos teus olhos
Amar na tua boca
Queimar o mundo com desejo

Quero gritar
Gritar só para ti
Amo-te!
Amo-te!
Amo-te!

Beijar-te até o ar me fugir
E cair
Em ti

Porque cada segundo ao teu lado
É um pedaço de Verão
Um Verão que te trouxe
E que contigo ficou

Porque só tu sabes
Que esse Verão é eterno
É nosso

Para sempre…

Danças comigo?

Julho 1st, 2011

Dá-me a tua mão
E leva-me junto a ti
Para onde quiseres
Para o fim do Mundo
Se o desejares

Não te afastes
Nem por um só instante
Quero que a minha pele seja para sempre tua
E que o meu coração bata ao ritmo do teu

Quero rodopiar contigo
Ficar tonto
Cair no chão
Desmaiar e acordar nos teus olhos
Respirar um beijo teu
E dançar…

Dançar com o teu corpo a conduzir-me
Fechar os olhos e sentir apenas que me amas
Porque nada mais importa
Nada mais faz sentido
A não ser a tua dança
A nossa dança

O mundo gira, gira
Mas nós giramos ao contrário
Sem nexo
Sem princípio nem fim
Num ritmo que escreveste quando me despiste
E dançaste sem olhar para trás

Nem trovões ou bombas
Nem cidades guinchantes
Esconderão a nossa música

Porque eu dei-te a mão
Porque tu deste-me mão
E nunca mais a dança parou
E nunca vai parar
Enquanto a minha pele for tua
Enquanto os teus olhos me acordarem
Enquanto eu respirar os teus beijos

Eu vou dançar
Mesmo quando estamos longe
Mesmo quando dormimos
Não consigo parar

É mais forte que tudo
Esta música que não pára…

Danço, danço, danço…

Metade da minha idade

Junho 24th, 2011

Não serão poucos os homens e mulheres que, chegados à casa dos trinta, entram em divagações nostálgicas sobre os tempos em que detinham metade dessa idade.

Essas recordações, porventura, serão mais acentuadas quando, por força de qualquer circunstância, convivem com rapazes e raparigas com metade da sua idade.

Recorrentemente, surgem expressões como “no meu tempo é que era…” ou “se eu soubesse o que sei hoje…”

Não me parece.

Este tempo continua a ser como o nosso tempo.

Há dias atrás dei por mim no meu carro, a transportar quatro seres humanos com metade da minha idade. Surpreendentemente, ou não, o ambiente, as conversas, as atitudes, os gestos, o modo de encarar a vida, eram os mesmos, vividos da mesma forma, que eu e os meus amigos vivíamos quando tínhamos metade da nossa idade.

Esta deambulação pelas brumas da saudade levou-me a outro ponto: desde puto que sempre achei que o mundo dos adultos seria uma seca. E é.

Talvez por isso, durante longos anos da minha vida, me recusei a “crescer”, não sendo as poucas vezes em que fui acusado de infantil e imaturo. “Whatever”. Se ser adulto é ser aquilo que a maior parte dos adultos é, então deixem-me ser puto.

Aliás, confrontando as recentes experiências que tive com pessoas com metade da minha idade, com pessoas da minha idade e com pessoas com o dobro da minha idade… A conclusão é apenas uma.

Odeio-te tanto! Amo-te tanto!

Junho 4th, 2011

– És feio!

– És mau!

– Não gosto de ti!

– Desaparece da minha vida!

– Morre!

– Hmmm…

– Que foi?

– Não me dava jeito morrer agora…

– Então?

– Tenho coisas combinadas…

– Pois, realmente é chato…

– Dás-me boleia?

– Dou!

– Obrigado! És um amigalhaço!

– Deixa-te de coisas, tu é que és um fixe!

– Sou nada… és tu!

– És tão lindo!

– E eu amo-te muito!

– E eu a ti!!!

Censura

Maio 29th, 2011

Eu hoje ia escrever aqui algo. Aliás, escrevi mesmo mas, quando terminei de ler… apaguei. É melhor EU censurar-me, antes que outros me censurem.

Ao menos a minha censura é honesta e frontal e para comigo próprio. Sei porque motivos ME censuro e sei que essa censura é de boa-fé.

A outra, não. É feita por motivos que não compreendo, nem nunca hei-de compreender e claramente conspurcada de má-fé.

Por isso, censurei-me. Só eu sei porquê. Só eu compreendo. E basta.

Porque também há concertos assim…

Maio 28th, 2011

Parecia a primeira vez. Mas o nervosismo, quase pânico, da primeira vez, foi substituído pela doce ansiedade de fazer algo diferente.

Havia confiança, a segurança que algumas (poucas) horas de estudo podem dar mas, acima de tudo, a confiança que era transmitida por quem estava à nossa frente, ao nosso lado, atrás de nós e no público.

Principalmente no público, um, dois, três, quatro, cinco rostos a acenar e a dizer “estamos aqui… força!”

E essa força veio. Penetrou do primeiro ao último acorde. Fez acreditar que o céu estava ao alcance de uma pauta.

E mais sorrisos, aplausos e uma descarga elétrica percorria dois corpos unidos num só: o músico e o instrumento.

Um quente, pulsante, vivo… o outro frio, metálico, mas ardente e apaixonado quando beijado da forma certa.

Viravam-se as páginas; sucediam-se as vénias ao público… Aquele público surpreendido mas, ao mesmo tempo, entregue e empenhado em fazer parte do concerto. Um público assim merece vénias, todas as vénias e aplausos.

Por momentos os papéis inverteram-se e o público passou a ser a estrela.

E terminou… com a mesma paz com que tinha começado. No entanto, todos saíram dali mais ricos. Quem tocou desfrutou do prazer de tocar, de divertir, de animar centenas de vidas, quiçá, tristes, mas que encontraram naqueles acordes, naqueles ritmos, um oásis de felicidade. Quem ouviu, fez parte do espetáculo e foi para casa com o coração quente e um sorriso nos lábios.

Porque há concertos assim… vale a pena ser músico.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.