António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Capas negras

Maio 12th, 2012

No meu tempo era proibido usar o cabelo apanhado com o Traje.

No meu tempo era proibido usar maquilhagem com o Traje.

No meu tempo era proibido usar jóias com o Traje.

No meu tempo era proibido usar óculos de sol com o Traje.

No meu tempo era proibido usar relógios de pulso com o Traje.

No meu tempo a capa usava-se no ombro esquerdo.

No meu tempo, à noite, a Capa era traçada e não se exibiam Insígnias.

No meu tempo, o salto dos sapatos das raparigas era curto e as saias usavam-se pelo joelho.

No meu tempo, o Traje usava-se completo… era impensável ver alguém sem a batina… só de colete…

…olho para o Facebook e para a TV e vejo estas e muitas outras regras do Traje serem violadas…

O Código da Praxe mudou assim tanto desde 1997?

Saudade (ao fim do dia…)

Abril 7th, 2012

Olhei pela janela… Procurei-te na imensidão de cinzento que se perdia no horizonte. A chuva estava prestes a cair. A chuva, a mesma chuva que tantas vezes embalou os nossos corpos e aconchegou o nosso amor.

Mas não chovia, porque sem ti, não faz sentido chover…

Sem ti, não faz sentido o simples respirar…

Recordei o momento fugaz em que te visitei, sem que estivesses à espera, e a forma como o mais belo sorriso do Mundo despontou no teu rosto.

Recordei os beijos presos pelas tuas mãos… Beijar-te é uma tortura, pois quando te beijo não te vejo sorrir…

Mas, como posso viver sem sentir a doçura dos teus lábios nos meus?

Lá fora o dia caía… como tantos dias caíam enquanto caíamos nos braços um do outro… E vinha a noite e o tempo parecia ser infinito.

Procurei-te, onde procuro sempre e onde nunca te encontro: lá fora, na noite, no vazio, no frio…

Parvo! Eu sei onde tu estás! Sei sempre onde te encontro, porque estás dentro de mim…

 

Tonto (o outro)

Março 25th, 2012

“Meu tonto…”, dizia ela, praticamente sem saber o efeito arrebatador que essas palavras tinham nele…

De facto, sempre tinha sido um tonto, desastrado, a quem tudo acontecia.

Agora, como na música dos Xutos, sentia-se sempre um pouco tonto na presença dela. Bastava aparecer, olhar, sorrir e tudo parecia construído sobre areia. O seu mundo desabava e cada gesto parecia desprovido de sentido. Queria agradar-lhe em casa segundo, mas como agradar a alguém tão imenso? Como estar ao nível de alguém que mexia com ele daquela forma?

E era cada vez mais tonto.

Dava tudo, o que tinha e o que não tinha para que aquele sorriso que tanto amava, fosse eterno.

Queria captar dentro de si aquele olhar mágico, que só ele parecia saber compreender, mesmo toldado pela tontice.

Tropeçava em si próprio e caía. Mas então ela chegava, flutuando como um anjo e dizia: meu tonto…

…e tudo voltava a fazer sentido!

Aos músicos da Invicta…

Fevereiro 26th, 2012

Os músicos que trabalham comigo na Invicta Big Band merecem tudo de bom, a nível musical e a nível pessoal. Sinceramente, acredito que todos, mais cedo ou mais tarde, serão recompensados pelo seu carácter tão nobre.

Apesar de eu, às vezes, me passar da cabeça com eles, cada minuto vivido em conjunto é um prazer.

Em primeiro lugar, e acima de tudo, porque são seres humanos de grande qualidade.

A nível musical, só eu sei o arrepio que senti esta tarde, ao ouvi-los tocar.

O nosso encontro, ao qual chamamos ensaio, merecia ter público.

Muito obrigado a todos, por tudo o que me dão!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.